São Paulo, quarta-feira, 28 de março de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ACIDENTE EM ALTO-MAR

Petrobras estuda eventual utilização de equipamento que tem menor capacidade de processamento

Produção cairá com plataforma substituta

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O campo de Roncador, cuja produção foi interrompida com o naufrágio da plataforma P-36, ficará, na melhor das hipóteses, cinco meses sem nada produzir. Ele só deverá retomar a produção de aproximadamente 86 mil barris por dia, que havia alcançado antes do acidente, no prazo entre dois anos a três anos.
Com a parada de Roncador, a Petrobras estuda desancorar a plataforma P-47, que servia como tanque de armazenagem para a P-36, e atracá-la em um estaleiro. O objetivo é reduzir os custos de manutenção.
Os cálculos sobre o prejuízo final gerado pelo naufrágio da P-36 ainda não foram concluídos. A princípio, a Petrobras admite um máximo de US$ 450 milhões, que poderiam ser reduzidos em pelo menos um terço com as medidas que estão sendo estudadas.
Embora a comissão que indicará soluções para minimizar os prejuízos só deva concluir seu trabalho em abril, a Folha apurou que a única saída considerada viável para Roncador voltar a produzir este ano é a instalação, no lugar da P-36, da plataforma P-13. Ela está parada em Macaé (a 188 km do Rio), base terrestre de produção da bacia de Campos.
A P-13 é uma plataforma pequena, que teria condições de produzir em cinco meses, no máximo, cerca de 20 mil barris por dia. Ela reativaria apenas dois dos seis poços que estavam em produção quando a P-36 explodiu e afundou, matando 11 operários.
Os técnicos ainda estudam o que precisa ser feito para que a P-13 possa ser ancorada a cerca de 1.300 m de profundidade e fazer o processamento do óleo leve produzido em Roncador.
Uma nova tecnologia de ancoragem, com cabos leves de poliester em vez de pesados cabos de aço (inaugurada na P-36), viabiliza amarrar equipamentos relativamente leves em águas muito profundas.
Para que campo de Roncador possa voltar a produzir mais que 20 mil barris por dia, serão necessários pelo menos 15 meses, tempo mínimo para que seja adaptada a plataforma P-24, que está parada. Ao atingir a carga plena, a P-24 produziria de 60 mil a 70 mil barris diários.

Transformação
Outra hipótese levantada pelos técnicos e já praticamente descartada foi a de transformar a P-47 em plataforma de produção.
A transformação levaria pelo menos 18 meses, com grandes chances de atraso, e envolveria riscos altos, por juntar processamento do óleo e armazenagem em uma só unidade.
O aluguel de uma plataforma internacional também está praticamente descartado. Além de não se conhecer um equipamento adequado no mercado, a situação de emergência em que se encontra a Petrobras favoreceria a cobrança de valores exorbitantes.
Foi descartada a hipótese de levar a P-40, com capacidade para produzir 150 mil barris por dia, do campo de Marlim Sul, para o qual foi construída, para Roncador.
Os técnicos concluíram que a P-40, que está na baía de Guanabara aguardando licença ambiental do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), será mais útil em seu campo original do que em Roncador.
A Petrobras tenta colocá-la em produção em maio (dois meses antes do que estava programado) e ativar ainda este ano o maior número possível de poços.
A empresa espera que Marlim Sul possa compensar cerca de 50% do óleo que deixará de ser produzido em Roncador. A diferença é que esse óleo é pesado e menos valioso do que o do campo que parou de produzir.


Texto Anterior: Senado: Projeto dá mais poder a guardas municipais
Próximo Texto: Noruegueses vão analisar causas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.