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ACIDENTE EM ALTO-MAR
Petrobras estuda eventual utilização de equipamento que tem menor capacidade de processamento
Produção cairá com plataforma substituta
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O campo de Roncador, cuja
produção foi interrompida com o
naufrágio da plataforma P-36, ficará, na melhor das hipóteses,
cinco meses sem nada produzir.
Ele só deverá retomar a produção
de aproximadamente 86 mil barris por dia, que havia alcançado
antes do acidente, no prazo entre
dois anos a três anos.
Com a parada de Roncador, a
Petrobras estuda desancorar a
plataforma P-47, que servia como
tanque de armazenagem para a P-36, e atracá-la em um estaleiro. O
objetivo é reduzir os custos de
manutenção.
Os cálculos sobre o prejuízo final gerado pelo naufrágio da P-36
ainda não foram concluídos. A
princípio, a Petrobras admite um
máximo de US$ 450 milhões, que
poderiam ser reduzidos em pelo
menos um terço com as medidas
que estão sendo estudadas.
Embora a comissão que indicará soluções para minimizar os
prejuízos só deva concluir seu trabalho em abril, a Folha apurou
que a única saída considerada viável para Roncador voltar a produzir este ano é a instalação, no lugar
da P-36, da plataforma P-13. Ela
está parada em Macaé (a 188 km
do Rio), base terrestre de produção da bacia de Campos.
A P-13 é uma plataforma pequena, que teria condições de produzir em cinco meses, no máximo,
cerca de 20 mil barris por dia. Ela
reativaria apenas dois dos seis poços que estavam em produção
quando a P-36 explodiu e afundou, matando 11 operários.
Os técnicos ainda estudam o
que precisa ser feito para que a P-13 possa ser ancorada a cerca de
1.300 m de profundidade e fazer o
processamento do óleo leve produzido em Roncador.
Uma nova tecnologia de ancoragem, com cabos leves de poliester em vez de pesados cabos de
aço (inaugurada na P-36), viabiliza amarrar equipamentos relativamente leves em águas muito
profundas.
Para que campo de Roncador
possa voltar a produzir mais que
20 mil barris por dia, serão necessários pelo menos 15 meses, tempo mínimo para que seja adaptada a plataforma P-24, que está parada. Ao atingir a carga plena, a P-24 produziria de 60 mil a 70 mil
barris diários.
Transformação
Outra hipótese levantada pelos
técnicos e já praticamente descartada foi a de transformar a P-47
em plataforma de produção.
A transformação levaria pelo
menos 18 meses, com grandes
chances de atraso, e envolveria
riscos altos, por juntar processamento do óleo e armazenagem
em uma só unidade.
O aluguel de uma plataforma
internacional também está praticamente descartado. Além de não
se conhecer um equipamento
adequado no mercado, a situação
de emergência em que se encontra a Petrobras favoreceria a cobrança de valores exorbitantes.
Foi descartada a hipótese de levar a P-40, com capacidade para
produzir 150 mil barris por dia, do
campo de Marlim Sul, para o qual
foi construída, para Roncador.
Os técnicos concluíram que a P-40, que está na baía de Guanabara
aguardando licença ambiental do
Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis), será mais
útil em seu campo original do que
em Roncador.
A Petrobras tenta colocá-la em
produção em maio (dois meses
antes do que estava programado)
e ativar ainda este ano o maior
número possível de poços.
A empresa espera que Marlim
Sul possa compensar cerca de
50% do óleo que deixará de ser
produzido em Roncador. A diferença é que esse óleo é pesado e
menos valioso do que o do campo
que parou de produzir.
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