|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DE MALAS PRONTAS
Professores se preocupam com o que levar e criam página na internet para partilhar expectativas
Bagagem inclui estoque de ervas medicinais
DA REDAÇÃO
Enquanto esperam o embarque para o Timor Leste, os 47
professores estão às voltas com
uma dúvida cruel: o que levar na
mala para uma temporada de 12
meses no outro lado do mundo?
"Fico olhando para o guarda-roupa e para as malas e sempre
chego à mesma conclusão: não
cabe nada! Estou vendo que essa
viagem será um verdadeiro ato
de despojamento", ri a professora Jerusa Garcia, que já se resignou com a idéia de deixar no
Brasil um par de botas e um casaco que tomariam um espaço
precioso na mala.
Precavida, a colega Inês Amarante reservou um bom lugar
para remédios homeopáticos e
ervas medicinais. "E se eu ficar
doente? Não sei se há curandeiros no Timor", preocupa-se ela,
que já fez check-up no dentista.
A lista da professora Ana Lúcia
Souto inclui uma galocha ("dizem que o esgoto transborda
quando chove") e um livro com
365 exercícios de meditação.
Particularidades à parte, os 47
brasileiros têm consciência de
que repelentes de insetos e pastilhas de cloro para purificar até a
água do banho são imprescindíveis no país mais pobre da Ásia.
Os professores criaram um site
(http://timor.multiply.com)
para trocar informações, dúvidas e angústias sobre a vida que
os aguarda num país cujo fuso
está 12 horas à frente de Brasília.
A página tem até frases em tétum, a língua nativa, que à primeira vista parece não ser muito
complicada pela influência do
português. Muito obrigado, por
exemplo, é "obrigadu barak".
Com esse grupo, o número de
brasileiros no Timor Leste vai
subir para cerca de 350, segundo
a Embaixada do Brasil em Dili.
Antes de embarcar, os professores precisam apresentar o
comprovante de que tomaram
quase uma dezena de vacinas.
No aeroporto de Guarulhos, no
dia da viagem, serão vacinados
contra a encefalite japonesa.
O primeiro grupo viaja amanhã; o segundo, no dia seguinte.
Eles enfrentarão a tortuosa viagem de três dias, sobre três oceanos, com paradas na África do
Sul, na China e na Indonésia. A
chegada a Dili será em pequenos
aviões, já que a pista é curta demais para aeronaves comerciais.
Assim que chegarem, serão
alojados na universidade de Dili.
Depois ficarão livres para morar
como quiserem. Além da bolsa
mensal de US$ 1.100, já receberam auxílio-moradia no mesmo
valor e uma quantia para seguro
de vida e seguro de saúde.
Uma das grandes preocupações é saber se os dólares pagos
pelo governo brasileiro serão suficientes para levar uma vida minimamente confortável.
"Já sabemos que há dois tipos
de vida lá: uma dos nativos e outra dos estrangeiros ricos, principalmente da ONU. Para não
nos confundirem com esses estrangeiros e não cobrarem um
absurdo pela comida no mercado, aprendemos a falar "sou um
estrangeiro pobre" em tétum",
diverte-se Jerusa Garcia.
(RW)
Texto Anterior: No outro lado do mundo: Brasil exporta professor para o Timor Leste Próximo Texto: "Não queria voltar para o Brasil", diz professora Índice
|