São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

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Depósito explode, e fogo destrói carros e casas

Empresa de Diadema (Grande SP) estocava produtos químicos no local

Moradores de cerca de 30 casas e alunos de uma escola tiveram de fugir às pressas ontem de manhã, quando começou o incêndio


RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um incêndio com explosões de 150 metros de altura em uma distribuidora de produtos químicos inflamáveis fez um bairro residencial da periferia de Diadema (Grande São Paulo) acordar em pânico na manhã de ontem. Houve explosões em sequência de tonéis de metal em chamas, e o fogo destruiu casas, carros e parte da rede elétrica do bairro.
Moradores de cerca de 30 casas e alunos de uma escola tiveram de fugir às pressas e 17 pessoas (a maioria intoxicada pela fumaça preta) foram atendidas em hospitais da região -quase todas já foram liberadas. Alguns moradores sofreram escoriações durante a fuga, mas ninguém se feriu gravemente.
Segundo a Defesa Civil, dez casas foram interditadas -há risco de desabamento, segundo os bombeiros- e 36 moradores foram para casas de parentes. Um ginásio foi oferecido como abrigo, mas ninguém quis ficar no local. Ao menos quatro carros nas garagens das casas foram destruídos pelo fogo.
A empresa Di-All Química Distribuidora importava e distribuía as substâncias tíner, exano e aguarrás -solventes altamente inflamáveis, segundo o Corpo de Bombeiros. Ela tinha autorização dos bombeiros e da Prefeitura de Diadema para funcionar no bairro Jardim Ruyce, onde se instalou em 2008. Representantes da empresa não tinham ido ao local até o início da noite de ontem.
A maioria dos imóveis ao redor da empresa são residenciais, mas, segundo a prefeitura, a área é de "uso misto" (residencial, comercial e industrial), de acordo com o zoneamento da cidade. "É claro que não era para uma coisa dessas funcionar aqui. Podia ser qualquer outra empresa, química não", disse o caminhoneiro Jair Rodrigues Costa, 51, que teve que fugir da casa onde morava há 25 anos, atingida pelo fogo.
Os bombeiros ainda investigam as causas do incêndio. A prefeitura irá averiguar se as atividades da empresa estavam de acordo com a autorização concedida em 2008 (para saber, por exemplo, se a estocagem dos produtos seguia normas de segurança e quantidade). O prefeito Mário Reali (PT) não disse, porém, quais eram as atividades ou limites de estocagem permitidos -confirmou apenas que sabia que o galpão continha produtos inflamáveis.
A Cetesb (agência ambiental) diz que a Di-All foi dispensada da licença ambiental ao declarar, em 2008, que sua atividade era restrita "à importação e comercialização de produtos de limpeza no varejo".
O fogo começou por volta das 7h, segundo moradores da rua Henrique de Léo, onde fica a parte dos fundos do galpão de cerca de 500 m2 da empresa. "Estava fazendo o café quando senti um calor e vi uma fumaça preta. Chamei os bombeiros antes de ver o fogo e de ouvir a primeira explosão. Levaram meia hora para chegar", disse Sueli Natividade, 47, que mora em frente ao galpão. "A família toda saiu correndo de casa, de pijama mesmo."
Os bombeiros registraram o chamado às 7h23 e chegaram em dez minutos, tempo suficiente para que a mistura de líquidos inflamáveis escorresse pela rua (a empresa fica no alto de uma ladeira) e, ao ser atingida pelo fogo, formasse um paredão de chamas em frente às casas. Moradores tiveram que escalar um muro de três metros e fugir pelos fundos.
O incêndio foi controlado por volta das 9h40 por cerca de 120 homens dos bombeiros e da Defesa Civil -Santo André, São Bernardo e São Caetano também enviaram equipes. Mais de 50 caminhões-pipa lançaram água e espuma antichamas para apagar o fogo. Uma vistoria da Cetesb "não detectou concentrações de gases nem vapores inflamáveis" na região após o incêndio.
Uma empresa vizinha ao galpão -a Athenas, que comercializa isolantes térmicos- teve parte do teto destruído e sofreu prejuízos entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. De acordo com um funcionário, era grande o movimento de caminhões de carga e descarga de tonéis de produtos químicos na Di-All.
Moradores contaram ter sentido o calor das chamas a mais de um quarteirão do local do incêndio. Foi o que aconteceu na escola municipal Jardim União, que, mesmo a cerca de 100 m do fogo, foi evacuada.


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