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Depósito explode, e fogo destrói carros e casas
Empresa de Diadema (Grande SP) estocava produtos químicos no local
Moradores de cerca de 30 casas e alunos de uma escola tiveram de fugir às pressas ontem de manhã, quando começou o incêndio
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um incêndio com explosões
de 150 metros de altura em
uma distribuidora de produtos
químicos inflamáveis fez um
bairro residencial da periferia
de Diadema (Grande São Paulo) acordar em pânico na manhã de ontem. Houve explosões em sequência de tonéis de
metal em chamas, e o fogo destruiu casas, carros e parte da rede elétrica do bairro.
Moradores de cerca de 30 casas e alunos de uma escola tiveram de fugir às pressas e 17 pessoas (a maioria intoxicada pela
fumaça preta) foram atendidas
em hospitais da região -quase
todas já foram liberadas. Alguns moradores sofreram escoriações durante a fuga, mas
ninguém se feriu gravemente.
Segundo a Defesa Civil, dez
casas foram interditadas -há
risco de desabamento, segundo
os bombeiros- e 36 moradores
foram para casas de parentes.
Um ginásio foi oferecido como
abrigo, mas ninguém quis ficar
no local. Ao menos quatro carros nas garagens das casas foram destruídos pelo fogo.
A empresa Di-All Química
Distribuidora importava e distribuía as substâncias tíner,
exano e aguarrás -solventes altamente inflamáveis, segundo
o Corpo de Bombeiros. Ela tinha autorização dos bombeiros
e da Prefeitura de Diadema para funcionar no bairro Jardim
Ruyce, onde se instalou em
2008. Representantes da empresa não tinham ido ao local
até o início da noite de ontem.
A maioria dos imóveis ao redor da empresa são residenciais, mas, segundo a prefeitura, a área é de "uso misto" (residencial, comercial e industrial),
de acordo com o zoneamento
da cidade. "É claro que não era
para uma coisa dessas funcionar aqui. Podia ser qualquer
outra empresa, química não",
disse o caminhoneiro Jair Rodrigues Costa, 51, que teve que
fugir da casa onde morava há 25
anos, atingida pelo fogo.
Os bombeiros ainda investigam as causas do incêndio. A
prefeitura irá averiguar se as
atividades da empresa estavam
de acordo com a autorização
concedida em 2008 (para saber, por exemplo, se a estocagem dos produtos seguia normas de segurança e quantidade). O prefeito Mário Reali (PT)
não disse, porém, quais eram as
atividades ou limites de estocagem permitidos -confirmou
apenas que sabia que o galpão
continha produtos inflamáveis.
A Cetesb (agência ambiental)
diz que a Di-All foi dispensada
da licença ambiental ao declarar, em 2008, que sua atividade
era restrita "à importação e comercialização de produtos de
limpeza no varejo".
O fogo começou por volta das
7h, segundo moradores da rua
Henrique de Léo, onde fica a
parte dos fundos do galpão de
cerca de 500 m2 da empresa.
"Estava fazendo o café quando
senti um calor e vi uma fumaça
preta. Chamei os bombeiros
antes de ver o fogo e de ouvir a
primeira explosão. Levaram
meia hora para chegar", disse
Sueli Natividade, 47, que mora
em frente ao galpão. "A família
toda saiu correndo de casa, de
pijama mesmo."
Os bombeiros registraram o
chamado às 7h23 e chegaram
em dez minutos, tempo suficiente para que a mistura de líquidos inflamáveis escorresse
pela rua (a empresa fica no alto
de uma ladeira) e, ao ser atingida pelo fogo, formasse um paredão de chamas em frente às
casas. Moradores tiveram que
escalar um muro de três metros e fugir pelos fundos.
O incêndio foi controlado
por volta das 9h40 por cerca de
120 homens dos bombeiros e
da Defesa Civil -Santo André,
São Bernardo e São Caetano
também enviaram equipes.
Mais de 50 caminhões-pipa
lançaram água e espuma antichamas para apagar o fogo.
Uma vistoria da Cetesb "não
detectou concentrações de gases nem vapores inflamáveis"
na região após o incêndio.
Uma empresa vizinha ao galpão -a Athenas, que comercializa isolantes térmicos- teve
parte do teto destruído e sofreu
prejuízos entre R$ 50 mil e R$
100 mil. De acordo com um
funcionário, era grande o movimento de caminhões de carga
e descarga de tonéis de produtos químicos na Di-All.
Moradores contaram ter
sentido o calor das chamas a
mais de um quarteirão do local
do incêndio. Foi o que aconteceu na escola municipal Jardim União, que, mesmo a cerca
de 100 m do fogo, foi evacuada.
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