São Paulo, sábado, 28 de março de 1998

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EDUCAÇÃO
Ministério autoriza concursos para apenas 2.100 docentes nas universidades federais, o que não cobre déficit
MEC "congela" 5.700 vagas de professores

MARTA AVANCINI
da Reportagem Local

O Ministério da Educação está "congelando" a contratação de pelo menos 5.600 professores para as universidades federais.
O número corresponde à diferença entre o total de vagas em aberto no sistema (7.700) e aquelas cujo preenchimento já foi autorizado (2.100). O dado é da Sesu (Secretaria de Ensino Superior).
O déficit é maior (6.240 vagas em aberto), se for considerada a estimativa da Andifes, entidade que reúne os dirigentes das instituições federais de ensino superior.
"Os concursos realizados nos últimos anos não têm sido suficientes para repor os quadros", afirma Artur Obino, assessor da Andifes.
Um dos principais motivos da redução do número de professores nas federais, na avaliação de Obino, é o elevado número de aposentadorias verificado nos últimos anos. "Desde que começou a se falar em reforma da Previdência, muitos professores começaram a se aposentar com medo de perder a aposentadoria integral."
O processo para repor os quadros docentes das federais começa com a autorização de abertura de concurso para a contratação professores, o que deve ser autorizado na próxima semana.
Os concursos têm de ser abertos até 5 de julho porque a legislação proíbe a contratação de servidores após esta data. Também não podem ser contratados servidores públicos durante três meses após o segundo turno das eleições.
As 2.100 contratações autorizadas serão distribuídas entre as 52 instituições federais de ensino superior existentes no Brasil, dependendo do déficit de cada uma.
A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) é a que mais sofre com a falta de docentes: tem 948 vagas abertas. O corpo docente da instituição conta, hoje, com 3.016 profissionais. Com o concurso, serão contratados 239.
"Se o MEC mantiver a promessa e montar um cronograma para realizarmos as outras contratações, vai dar para repor e ampliar o quadro", diz Paulo de Alcântara Gomes, reitor da UFRJ.
Atualmente, a universidade está se mantendo graças aos professores substitutos, que permanecem vinculados às instituições por um período máximo de dois anos.
"O grande número de substitutos prejudica a qualidade de ensino, não porque eles sejam incompetentes, mas porque eles têm vínculo precário com a universidade por não serem concursados", diz o reitor da Universidade Federal da Bahia, Luiz Felipe Serpa.
A universidade da Bahia tem 426 vagas abertas e poderá contratar 107 professores. "O concurso é positivo. Mesmo assim a reposição será lenta, porque o processo é muito burocrático, pode levar um ano, e porque os baixos salários não atraem professores", diz.



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