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PF investiga rede de contrabando no DF
WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília
A Receita Federal e a Polícia Federal estão investigando pessoas
cujos nomes foram encontrados
em agendas telefônicas e faxes de
integrantes de uma rede de contrabando de eletroeletrônicos e
material de informática.
Segundo a Receita, foram trazidas de Miami para o Brasil, ilegalmente, cerca de 80 toneladas de
mercadorias, avaliadas em R$ 50
milhões, para distribuição em
Brasília.
Faxes transmitidos de Miami pela empresa Quality USA citam entre os destinatários da mercadoria
as seguintes pessoas, entre outras:
o deputado e empresário Wigberto Tartuce (PPB-DF), o jornalista e
empresário Ari Cunha (avô do dono da Quality USA, Marcelo Cunha) e o jornalista Silvestre Gorgulho, dono do jornal "Folha do
Meio Ambiente".
Na lista aparecem ainda os nomes Falcão/Rios, com a seguinte
frase à frente: "Entregar para qualquer pessoa na direção do Objetivo" (colégio do empresário João
Carlos Di Gênio).
A Receita e a PF afirmam que
Falcão e Rios trabalham na coordenação de informática do Colégio Objetivo, que nega (leia texto
ao lado).
Agora, a Polícia Federal tenta separar os compradores de material
ilegal dos verdadeiros receptadores.
Anteontem, numa operação autorizada pela Justiça, foram presas
três pessoas e recolhidos passaportes falsos e vários recibos de
compra e venda de produtos contrabandeados.
Dos três presos pela PF, dois
continuam detidos: Paulo Roberto
França Gonçalves Raro e Álvaro
Almeida Assunção. Eles são comerciantes em Brasília e, segundo
as primeiras investigações, funcionavam como "laranjas" do
empresário Marcelo Cunha, proprietário da Quality USA, localizada em Miami.
Segundo as investigações -iniciadas há três meses-, o esquema
da quadrilha era simples: falsificava passaportes e usava o expediente conhecido como envio de bagagem desacompanhada para remeter o material de Miami a Brasília.
Na prática, o esquema funcionava assim: pessoa fictícia que morava nos EUA, de mudança para o
Brasil, enviava a "mudança" por
avião. Em vez de objetos pessoais e
móveis, as caixas continham contrabando. Também eram usados
despachos por meio de pequenas
encomendas.
O esquema começou a ser investigado em dezembro de 97, quando a Receita apreendeu no aeroporto de Brasília 59 caixas com
equipamentos contrabandeados,
avaliados em R$ 2 milhões.
A Polícia Federal suspeita que a
quadrilha contava com apoio de
agentes da própria PF e da Receita
para facilitar a liberação das mercadorias no aeroporto.
Uma das três pessoas presas foi
Tília Souza Cruz, ex-funcionária
administrativa da PF, hoje aposentada, que é sogra do agente Angelo Roncalli Bandeira da Costa,
agente da PF lotado no aeroporto.
Na casa dela foram encontrados
equipamentos de som, aparelhos
de televisão e armas.
Tília foi liberada sob fiança, pois
contra ela não havia mandado de
prisão. Ela havia sido presa em flagrante por receptação de contrabando. Os outros dois comerciantes, que tinham prisão preventiva,
continuavam detidos até o início
da noite de ontem. Na loja de Paulo Roberto Raro, a PF encontrou
equipamentos que seriam usados
para falsificar passaportes.
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