São Paulo, sábado, 28 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EPIDEMIA
Número de notificações de casos no município chegou a 315 em março; Secretaria de Saúde teme febre amarela
Rio tem 2 novos casos de dengue por hora

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

A epidemia de dengue no município do Rio avança agora no ritmo de dois novos casos por hora: 48 pessoas ficaram doentes ontem. Com isso, o número de notificações na capital chegou a 315 em março. O limite máximo esperado para o mês era de 170 casos.
O boletim distribuído pela Secretaria de Estado de Saúde registrou 952 novos casos em todo o Estado nesta semana, um crescimento de 20% em relação à semana passada.
Desde o início do ano, já foram notificados 4.978 casos de dengue no Estado, sendo 527 na capital. Foi reconhecida uma situação de epidemia na capital e na região do Médio Paraíba.
Para os técnicos da Secretaria Municipal de Saúde, o ritmo acelerado do avanço da dengue na capital está em curva ascendente e se manterá pelo menos até maio.
Ontem, mais de dois meses depois do alerta sobre a possibilidade de epidemia feito pela coordenadoria regional da Fundação Nacional de Saúde à direção nacional do órgão -como revelou ontem a Folha-, foi anunciada a chegada de um novo lote de inseticida.
A Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) emprestou 2.000 litros de inseticida à FNS. O veneno será utilizado nos carros fumacê.
Ronaldo Bento, coordenador regional da FNS, disse que recebeu de Brasília a informação sobre a compra de mais 82 mil litros de inseticida, o que permitiria, segundo ele, o controle da epidemia em 30 dias. Ele afirmou que o estoque é suficiente para os próximos quatro meses, e outros 240 mil litros estão sendo esperados.
Bento disse que, para erradicar a dengue no Estado, precisaria de pelo menos mais 1.700 guardas de endemia. Hoje, ele tem aproximadamente 7.600 agentes.
Disse também que teme a chegada do vírus tipo 3 da dengue, registrado na Venezuela. No Brasil, existem os tipos 1 e 2. "Se o vírus 3 chegar, temos que rezar", disse.
Uma verba de R$ 480 mil liberada pelo Ministério da Saúde será utilizada na contratação de guardas de endemia e na compra de material e carros.
Outra verba de R$ 1,6 milhão foi liberada para o combate à doença, mas, segundo as autoridades, permitirá apenas uma ação emergencial e não a erradicação do vírus.
Com o avanço da dengue, a Secretaria de Estado de Saúde já começa a ter outra preocupação: a febre amarela, transmitida, como a dengue, pelo mosquito Aedes aegypti. A febre amarela foi erradicada nos centros urbanos.
"Por enquanto, a prioridade é a dengue, e vamos vacinar apenas quem vai viajar para lugares da Amazônia onde há febre amarela", disse Gisele Couto, coordenadora de epidemiologia do Estado.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.