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EDUCAÇÃO
Papel da pasta é fazer debate para que professores e gestores decidam sobre sistema fônico ou construtivista, diz ministro
MEC não indicará método pedagógico
ANTÔNIO GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O ministro Fernando Haddad
disse ontem, ao participar de seminário sobre alfabetização no
Ministério da Educação, que a
pasta não indicará oficialmente
nenhum método pedagógico para esse fim. Para ele, o papel do
MEC é levar aos professores e gestores essa discussão para que eles
tomem suas decisões.
O debate acadêmico sobre o
melhor método, cujos extremos
no Brasil são os defensores do
método fônico e das propostas
construtivistas, ganhou novo fôlego quando o ministério anunciou em fevereiro que iria fazer
uma revisão dos parâmetros curriculares nacionais por causa da
ampliação do ensino fundamental de oito para nove anos.
"O MEC não pode e não vai dizer que método deve ser implementado pelas escolas públicas. O
que queremos é, sem dogmatismos, qualificar o debate, que já
vem acontecendo em vários países", disse Haddad.
O método fônico é o priorizado
em vários países desenvolvidos e
sua ênfase é no ensino da relação
entre letras e seus respectivos
sons. Assim, o aluno aprende primeiro a codificar a letra para depois ler e escrever palavras e textos. No construtivismo, o caminho costuma ser inverso. O aluno
primeiro tem acesso a textos que
já façam parte de sua realidade
para, a partir daí, formular suas
próprias hipóteses sobre a função
de cada letra e palavra no texto.
O objetivo do seminário foi fugir dessa polarização e apresentar
diferentes perspectivas. O pesquisador da PUC do Rio Creso Franco mostrou dados preliminares
de um projeto que acompanha
alunos durante quatro anos.
Uma das primeiras conclusões
desse estudo foi que o método
adotado fez pouca diferença no
aprendizado. Um dos itens que,
até o momento, mais fizeram diferença foi a confiança do professor. Se ele acreditava que podia fazer alguma diferença para aquela
turma, seus resultados eram melhores se comparados com aqueles que achavam que pouco podiam fazer.
A professora da Unesp Maria
Mortatti fez uma apresentação
sobre a história dos métodos de
alfabetização. Ela mostrou que
desde o final do século 19 os gestores vêm debatendo o mais eficaz
para combater o fracasso escolar.
A psicóloga e antropóloga Elvira de Souza Lima defendeu que a
escrita e a leitura são habilidades
aprendidas de forma separada,
mas que é preciso, desde cedo, estimular o aluno a trabalhar com
essas duas características.
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