São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006

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EDUCAÇÃO

Papel da pasta é fazer debate para que professores e gestores decidam sobre sistema fônico ou construtivista, diz ministro

MEC não indicará método pedagógico

ANTÔNIO GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O ministro Fernando Haddad disse ontem, ao participar de seminário sobre alfabetização no Ministério da Educação, que a pasta não indicará oficialmente nenhum método pedagógico para esse fim. Para ele, o papel do MEC é levar aos professores e gestores essa discussão para que eles tomem suas decisões.
O debate acadêmico sobre o melhor método, cujos extremos no Brasil são os defensores do método fônico e das propostas construtivistas, ganhou novo fôlego quando o ministério anunciou em fevereiro que iria fazer uma revisão dos parâmetros curriculares nacionais por causa da ampliação do ensino fundamental de oito para nove anos.
"O MEC não pode e não vai dizer que método deve ser implementado pelas escolas públicas. O que queremos é, sem dogmatismos, qualificar o debate, que já vem acontecendo em vários países", disse Haddad.
O método fônico é o priorizado em vários países desenvolvidos e sua ênfase é no ensino da relação entre letras e seus respectivos sons. Assim, o aluno aprende primeiro a codificar a letra para depois ler e escrever palavras e textos. No construtivismo, o caminho costuma ser inverso. O aluno primeiro tem acesso a textos que já façam parte de sua realidade para, a partir daí, formular suas próprias hipóteses sobre a função de cada letra e palavra no texto.
O objetivo do seminário foi fugir dessa polarização e apresentar diferentes perspectivas. O pesquisador da PUC do Rio Creso Franco mostrou dados preliminares de um projeto que acompanha alunos durante quatro anos.
Uma das primeiras conclusões desse estudo foi que o método adotado fez pouca diferença no aprendizado. Um dos itens que, até o momento, mais fizeram diferença foi a confiança do professor. Se ele acreditava que podia fazer alguma diferença para aquela turma, seus resultados eram melhores se comparados com aqueles que achavam que pouco podiam fazer.
A professora da Unesp Maria Mortatti fez uma apresentação sobre a história dos métodos de alfabetização. Ela mostrou que desde o final do século 19 os gestores vêm debatendo o mais eficaz para combater o fracasso escolar.
A psicóloga e antropóloga Elvira de Souza Lima defendeu que a escrita e a leitura são habilidades aprendidas de forma separada, mas que é preciso, desde cedo, estimular o aluno a trabalhar com essas duas características.


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