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Serra desiste de privatizar o trecho sul do Rodoanel
Obra será bancada por Estado, União e por cobrança de pedágio na alça oeste
Mudança de planos facilita
verba federal, evita atrasos
e pode deixar ônus político
de cobrar tarifa na rodovia
só para a próxima gestão
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo José Serra (PSDB)
desistiu de conceder a alça sul
do Rodoanel à iniciativa privada e pretende viabilizar a obra
somente com recursos do Estado, da União e da cobrança de
pedágio no já existente trecho
oeste a partir do ano que vem.
A definição do modelo dessa
que é considerada a mais importante obra rodoviária do tucano foi revelada à Folha pelo
secretário Mauro Arce (Transportes). O trecho sul do Rodoanel irá interligar a rodovia Régis Bittencourt ao sistema Anchieta-Imigrantes e ao ABC.
Sua construção começou em
setembro de 2006 e permaneceu parada neste ano -parte
por falta de recursos parte pela
indefinição do modelo de privatização. Ela deve ser retomada apenas no mês que vem.
O governo de São Paulo havia
decidido no fim do ano passado
viabilizar a construção da alça
sul, de 61,4 km, mediante a
concessão dela e da oeste à iniciativa privada e a instalação de
praças de pedágio em ambas.
Com a decisão de Serra, a intenção é conceder e cobrar
uma tarifa no trecho oeste
(inaugurado em 2002 e que liga
a Régis à Raimundo Pereira de
Magalhães) a partir de 2008,
mas inferior aos R$ 5 planejados inicialmente para quem
percorresse toda a extensão.
E a gestão tucana poderá deixar só para a próxima administração a definição -e seu ônus
político- da cobrança de pedágio na interligação da Anchieta-Imigrantes com a Régis.
"O trecho sul não terá mais
concessão. Vamos fazer a concessão só do oeste", disse Arce.
E a cobrança de pedágio na alça
sul? "Será discutida pela próxima gestão. A obra só ficará
pronta em 2010, no final do governo.... Hoje [a definição é
que] não tem", respondeu.
A decisão do governo Serra
mistura ingredientes técnicos
e -principalmente- políticos.
Como já há um contrato assinado para a construção do trecho sul (que terá alterações nos
próximos dias, mas sem prolongamento de prazo nem aumento de preço, diz Arce), os
tucanos avaliaram que seu
rompimento seria traumático e
que fazer uma concessão independente da obra, englobando
as alças oeste e sul, seria complexa e sujeita a mais atrasos.
Dessa forma, haveria um risco maior de Serra não terminá-la antes do final do mandato.
Além disso, houve a sinalização do governo federal de que,
se houvesse a concessão do trecho sul à iniciativa privada, sua
verba prometida de R$ 1,2 bilhão poderia não ser liberada.
Assim, a gestão tucana planeja que os R$ 3,5 bilhões estimados para obras, projetos e
desapropriações sejam repartidos entre União, Estado e a futura concessionária do trecho
oeste -que pagará uma quantia inicial em troca da exploração do pedágio por até 30 anos.
A alça oeste terá pontos de
bloqueio em todos os acessos
para que a tarifa seja proporcional ao trecho percorrido.
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