Estudante da Faculdade Santa Marcelina foi acusado de furtar uma guitarra na escola; instituição admitiu o ocorrido

Após o incidente, que ocorreu na quarta-feira, o diretor administrativo pediu demissão e um inspetor de alunos foi afastado

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um estudante do terceiro ano do curso de música da Faculdade Santa Marcelina, em Perdizes (zona oeste), foi interrogado em uma sala da instituição por dois homens armados, que o questionaram sobre o furto de uma guitarra ocorrido dentro da escola.
A faculdade admitiu o episódio, que foi classificado como "lamentável", e afirmou que investiga o caso. O diretor da área administrativa pediu demissão, e um funcionário foi afastado.
O aluno, de 25 anos, prefere não ser identificado. Ele contou que foi interrogado por 40 minutos. Os homens disseram, ironicamente, que em algum momento ele poderia "cair e quebrar as pernas", caso não confessasse o furto ou não apontasse o autor do crime.
O estudante, que nega o delito, registrou a queixa no 23º DP (Perdizes). O boletim de ocorrência fala em calúnia e constrangimento ilegal. A polícia apura o caso.
O fato ocorreu na última quarta-feira. Ontem e anteontem os alunos se reuniram na instituição para cobrar explicações. "Até agora não sei por que fui acusado. Tenho bolsa de estudo e de iniciação científica aqui. Se tivesse qualquer comportamento ruim, perderia os benefícios", disse o aluno. "E agora estou com medo, porque não sei quem são e nem de onde vieram esses marginais."
Com dois campi na capital, a Faculdade Santa Marcelina tem 77 anos e é mantida pela Congregação das Irmãs Marcelinas. Segundo seu site, a missão da faculdade "se concretiza no empenho de oferecer ao profissional uma sólida formação humana e cristã para reconhecer Jesus em cada pessoa".
Segundo o relato do aluno à polícia, ele estava no teatro da faculdade quando foi abordado por um inspetor e levado a uma sala na garagem. Os dois homens, que o esperavam no local, disseram ter sido contratados pela faculdade para investigar o furto do instrumento musical, ocorrido no ano passado.
O aluno afirma que foi impedido de deixar a sala. Além disso, os dois homens exigiram que ele assumisse o crime ou apontasse quem teria feito.
Os dois homens, ainda segundo o aluno, mostraram as armas após ele negar o crime. Um deles chegou a espalhar projéteis em cima de uma mesa. "Fiquei apavorado, porque pensei que seria seqüestrado."
O boletim de ocorrência afirma que as ameaças e pressões foram presenciadas pelo inspetor da faculdade -que foi afastado pela direção da escola.


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