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São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2003

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TRANSPORTE

Ministério Público afirma ter indícios de que Myryam Athiê tentou favorecer empresa; parlamentar nega

Promotor vê ligação entre vereadora e viação

SIMONE IWASSO
PEDRO DIAS LEITE

DA REPORTAGEM LOCAL

Um bilhete e um comprovante de fax encontrados pela Polícia Civil na garagem da viação Cidade Tiradentes reforçam as suspeitas de ligação entre a vereadora Myryam Athiê (PPS) e a direção da empresa, segundo os promotores Sérgio Turra Sobrane e Silvio Marques, do Ministério Público da Justiça e Cidadania.
Em depoimento prestado no último dia 15, o diretor da empresa, Marco José Cândido da Silva, preso acusado de estelionato, afirmou que Athiê recebia dinheiro do dono da viação, Samy Jaroviski, para tirar a empresa do regime de intervenção da SPTrans -órgão municipal que cuida do transporte público na capital- e garantir sua participação no novo modelo de transporte a ser implantado pela prefeitura. A vereadora nega as acusações.
No bilhete, escrito em folha de caderno, Jaroviski manda Silva ligar para Milton -supostamente Milton Sérgio, na época chefe de gabinete da vereadora- e dizer que o interventor não estava permitindo retirar dinheiro do caixa e, por isso, seria impossível "cumprir o trato hoje." Na página seguinte aparece a quantia de R$ 10 mil e, logo abaixo, "Milton Sérgio, desmarcar reunião 18h".
O valor, de acordo com o Ministério Público, é o mesmo citado por Silva como sinal do pagamento que seria feito para a vereadora -R$ 250 mil no total.
"Não podemos afirmar que ela chegou a receber esse dinheiro, mas já temos sérios indícios da ligação da vereadora com a viação Cidade Tiradentes", afirmou o promotor Silvio Marques.
Também foram apreendidos cartões de Athiê e de Milton Sérgio e um comprovante de envio de um fax para o escritório de advocacia da vereadora.
Um depoimento prestado ontem pela advogada Roberta Arantes Lanhoso, funcionária da SPTrans, também envolve Athiê, dizem os promotores. A advogada disse que a vereadora estava presente na primeira reunião realizada entre a SPTrans e a Cidade Tiradentes, em janeiro, para discutir o contrato emergencial.

Outro lado
Em nota, a vereadora afirma que está à disposição do Ministério Público para prestar esclarecimentos. Diz também que as anotações encontradas não provam sua relação com a viação.
Sobre o fax, afirma que "pode até indicar que algum material tenha sido enviado, mas não demonstra qual o seu conteúdo."


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