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"Filantrópica", Scuderie mineira serve sopa em favela de Belo Horizonte
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
É sábado no sopé da pedreira
Prado Lopes, uma das favelas
mais violentas de Belo Horizonte. Em uma casa das imediações, moradores da região
compram roupas usadas a preços módicos e tomam, de graça,
o "sopão" de legumes preparado por voluntários.
A cena, que poderia ocorrer
em qualquer uma das 700 entidades filantrópicas cadastradas
na cidade, tem lugar na filial
mineira da SDLC (Scuderie Detetive Le Cocq) -organização
parapolicial acusada de agir como um esquadrão da morte.
Na entrada da casa, o símbolo
da Le Cocq -uma caveira sobreposta a duas tíbias cruzadas,
com as iniciais E.M.- recepcionava os visitantes pelo menos
até o ano passado. "Mudei porque estava dando muito problema", afirma o inspetor aposentado José Maria de Paula,
60, o Cachimbinho, presidente
da entidade em Minas há mais
de 20 anos.
Entre os problemas citados
por Paula, estão as acusações
de ligação com o crime organizado. Por isso, Paula disse ter
mudado o nome da entidade
para Associação Filantrópica
Milton Le Cocq -o detetive carioca assassinado na década de
60 que deu nome à SDLC.
Contudo, pelo registro do
cartório, a representação mineira da Le Cocq, fundada em
1969, está ativa. O símbolo fúnebre da entidade estampa a
ata de fundação e o regimento
interno da filial, que já apontava a "filantropia e o atendimento social" como seus fins.
A Le Cocq mineira nunca teve ligação comprovada com o
crime, mas não está livre de
suspeitas. Em 2003, ela foi citada em um processo que terminou com a condenação de dez
policiais, civis e militares, pelos
crimes de extorsão, corrupção
passiva, facilitação e associação
para o tráfico.
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