São Paulo, domingo, 28 de maio de 2006

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Construção de usina hidrelétrica põe em risco a prática de rafting na serra

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A COMENDADOR LEVY GASPARIAN (RJ)

A construção de uma usina hidrelétrica acabará com um cenário de cinema e com uma das principais atrações do esporte e turismo de aventura no Estado do Rio. As corredeiras do rio Paraibuna, palco de campeonatos nacionais de canoagem, praticamente secarão.
Ambientalistas, esportistas e empresários preparam ação judicial contra a iniciativa, cuja obra começa neste semestre.
A usina ficará na divisa entre Levy Gasparian (RJ) e Santana do Deserto (MG). O projeto da Santa Fé Energética divide o rio em duas correntes. Uma formará o lago, de 2 milhões de m2, para gerar até 30 MW. A outra comporá as corredeiras.
Sem força e com água controlada, os 21 km de corredeiras ficarão inviáveis para o rafting, travessia em botes infláveis. Foi no Paraibuna que o esporte começou a ser praticado.
A empresa diz que a usina poderá recompor as corredeiras ao abrir as comportas. Mas isso só ocorrerá aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h, e nas noites de Lua cheia, das 22h às 2h. "Optamos pelo desvio do rio. Isso permitirá que a usina deixe vazão mínima para os períodos de maior freqüência nas corredeiras", diz o diretor da companhia, José Guilherme Nascimento.
"É um dos maiores crimes ambientais do país. A região é aurífera. Assim que o rio for represado, milhares de garimpeiros invadirão a área", afirma o hoteleiro Edson Médici.
O estudante de direito Carlos Martins Neto, 20, reclama que o tempo de abertura não permite recriar as corredeiras. "O lugar tem beleza cênica, esporte e lazer. Destaco o relevo numa região onde não há atividade que o justifique. Não tem indústria aqui", diz o remador e vizinho de onde será a usina.


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