Risco de rompimento obriga moradores a deixarem suas casas pela segunda vez

Em Pernambuco, agricultora de 48 anos e neto de 5 morreram soterrados por deslizamento causado pelas chuvas na zona rural

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
DA AGÊNCIA FOLHA

O risco de rompimento da barragem de Algodões 1, no norte do Piauí, obrigou mais uma vez cerca de 2.600 famílias a deixarem suas casas, ontem, em dois municípios da região. Em todo o Estado, há 93.865 pessoas fora de suas moradias por causa das fortes chuvas que atingem o Norte e o Nordeste do país.
Segundo o governo do Estado, o excesso de água na barragem causou o "deslocamento da ombreira esquerda do canal do sangradouro" -ou seja, o rompimento de um pedaço de concreto por onde o excedente é escoado.
O governo diz também que, segundo o engenheiro Luiz Hernani, responsável pelo projeto de construção da obra, não há risco de rompimento total da barragem.
Por medida de segurança, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros estão retirando as famílias residentes numa área de 10 km nas proximidades da barragem, nos municípios de Cocal da Estação e Buriti dos Lopes.
As famílias, que haviam deixado as casas no início do mês por causa do risco de rompimento, haviam começado a retornar na semana passada. Agora, terão de deixar novamente a moradia.
Construída em 2001, a barragem Algodões 1 é abastecida pelo rio Pirangi, que nasce no Estado do Ceará.

Deslizamentos
Em Pernambuco, duas pessoas da mesma família morreram ontem em Quipapá (190 km de Recife) por causa das fortes chuvas que atingiram o município na tarde de terça-feira.
A agricultora Maria Quitéria da Silva, 48, e o neto Alan Araújo, 5, estavam em casa, no distrito Vila Nova, na zona rural, quando o imóvel foi atingido pelo deslizamento de uma barreira, por volta das 17h de anteontem.
O Corpo de Bombeiros os encontrou por por volta das 3h de ontem. A avó foi retirada dos escombros sem vida.
Alan foi conduzido em estado grave ao Hospital Regional de Caruaru (132 km de Recife), mas não resistiu aos traumas após ter ficado quase dez horas soterrado. Morreu às 9h.
Uma irmã de Maria Quitéria, que também estava em casa no momento do deslizamento, ficou com a perna ferida, mas recebeu alta hospitalar de manhã.
De acordo com a Defesa Civil do Estado, cerca de 40 casas na região onde ocorreu o acidente foram interditadas sob risco de desabamento.
O governador Eduardo Campos (PSB), que sobrevoou a região ontem pela manhã, afirmou que as famílias atingidas receberão auxílio-moradia de R$ 151 por mês até que novas casas sejam construídas.
Já são três os mortos pelas chuvas no Estado desde o início de abril. Segundo a Defesa Civil, ainda há desaparecidos.

Previsão
Entre ontem e hoje, chuvas de intensidade forte atingem 18 Estados brasileiros, de acordo com alerta divulgado ontem pela Sedec (Secretaria Nacional de Defesa Civil), do Ministério da Integração Nacional.
Há previsão de temporais para os Estados de São Paulo, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Acre, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Ceará, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, e Paraná.
No Sudeste, nuvens carregadas provocam pancadas de chuva em grande parte de São Paulo entre hoje e amanhã. Pode haver descargas elétricas e rajadas de vento forte. (MATHEUS MAGENTA e RENATA BAPTISTA )

Colaborou a Folha Online

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