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Após 3 anos, Butantan não faz vacina
Fábrica que custou R$ 70 milhões ainda não produziu nenhuma dose do medicamento contra a gripe comum
Em 2007, governo do Estado e Ministério da Saúde prometeram que a vacina começaria a ser produzida em 2008
RICARDO WESTIN
DE SÃO PAULO
Inaugurada três anos
atrás, a fábrica de vacina
contra a gripe comum do Instituto Butantan, em São Paulo, até hoje não produziu nenhuma dose.
O prédio e os equipamentos custaram R$ 70 milhões
ao Ministério da Saúde -que
promove a vacinação anual
dos idosos- e ao governo de
SP. O instituto é estadual.
A fábrica está parada porque o Butantan ainda não obteve as certificações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e da Sanofi
Pasteur, multinacional que
detém a tecnologia de produção da droga.
Em abril de 2007, o então
governador e hoje pré-candidato do PSDB à Presidência,
José Serra, e o ministro da
Saúde, José Gomes Temporão, organizaram uma solenidade para anunciar que a
fábrica -a primeira na América Latina- estava pronta.
O governo paulista e o ministério prometeram que a
vacina começaria a ser produzida em 2008.
Para o diretor do Butantan, Otávio Mercadante, a demora está dentro do prazo
previsto.
A vacina usada no Brasil é
importada. Em 1999, o governo brasileiro firmou um acordo com a Sanofi. O laboratório forneceria a vacina ao
país com exclusividade por
alguns anos e, em troca,
transferiria a tecnologia de
produção ao Butantan.
ATRASO
Atualmente, o Butantan
recebe da Sanofi a vacina em
estado bruto e a coloca nas
ampolas para que o ministério as distribua pelo país.
Neste ano, porém, em razão de atrasos no Butantan, o
Ministério da Saúde teve de
realizar a campanha de vacinação dos idosos em duas fases -em parte do país, em
abril; em outra, em maio.
Quando o Butantan produzir a vacina, o Brasil não
precisará mais importar nenhuma dose e economizará
R$ 100 milhões por ano. A fábrica também produzirá vacina contra a gripe suína.
Motivados pelo incêndio
que há duas semanas destruiu parte do acervo de cobras do Butantan, deputados
estaduais do PT colhem assinaturas para tentar abrir CPI
que investigue o instituto.
"Fiquei surpreso ao saber
que não produzem a vacina",
disse o deputado Fausto Figueira (PT).
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