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MASSACRE DO CARANDIRU
Pedro Franco de Campos, titular da Segurança Pública em 1992, negou ter participado de decisão
Coronel optou por invasão, diz ex-secretário
ALESSANDRO SILVA E
PAULO ROBERTO LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL
O coronel da Polícia Militar
Ubiratan Guimarães, acusado de
comandar a operação que resultou em 111 mortes, em 1992, era
quem informava o Estado sobre a
situação na Casa de Detenção, no
Carandiru (zona norte de São
Paulo), e tinha a responsabilidade
de decidir pela invasão do local.
A informação foi dada ontem
pelo secretário da Segurança Pública na época, o procurador de
Justiça Pedro Franco de Campos,
em depoimento de quase quatro
horas aos jurados que irão decidir
se o PM é culpado ou inocente.
"O senhor é o comandante da
operação e, se houver necessidade, pode entrar", reproduziu
Campos a frase que teria dito ao
coronel, por rádio, após saber que
a "situação estava caótica", na tarde de 2 de outubro de 1992.
Antes disso, o secretário e Ubiratan haviam se falado uma vez
por telefone, após o almoço, logo
que Campos soube da rebelião.
"Só tive contato na Casa de Detenção com o coronel Ubiratan",
afirmou, ao responder pergunta
da juíza Maria Cristina Cotrofe.
Ele disse que, em nenhum momento, esteve na Casa de Detenção ou participou das decisões.
Campos disse que não sabia das
medidas tomadas por Ubiratan
nem como seria a invasão. Descreveu o coronel como seu homem de confiança, cotado para
ser "subcomandante da PM".
Argumento de defesa
Depois de Campos, o depoimento do juiz aposentado Antônio Luiz Filardi, então subsecretário da Segurança Pública, apresentou os principais pontos aos
quais o advogado de defesa Vicente Cascione vai recorrer em
sua argumentação final.
Ele disse que Ubiratan participou só do início da operação, porque teria sido atingido por uma
explosão. "Eu vi ele sair lá de dentro amparado e muito tonto."
Filardi ainda disse que houve
uma reunião com o diretor do
presídio, José Ismael Pedrosa,
dois juízes corregedores e o coronel Ubiratan, e entre eles houve o
consenso de que o pavilhão tinha
de ser ocupado pela PM.
Mas a informação não confere
com a dada em outro depoimento, pela manhã, do diretor de vigilância do presídio na época, Aparecido Fidelis. Ele disse que Pedrosa quase foi atropelado pela
tropa de choque quando tentava
ainda negociar com os rebelados.
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