São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2001

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MASSACRE DO CARANDIRU

Pedro Franco de Campos, titular da Segurança Pública em 1992, negou ter participado de decisão

Coronel optou por invasão, diz ex-secretário

ALESSANDRO SILVA E
PAULO ROBERTO LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL

O coronel da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, acusado de comandar a operação que resultou em 111 mortes, em 1992, era quem informava o Estado sobre a situação na Casa de Detenção, no Carandiru (zona norte de São Paulo), e tinha a responsabilidade de decidir pela invasão do local.
A informação foi dada ontem pelo secretário da Segurança Pública na época, o procurador de Justiça Pedro Franco de Campos, em depoimento de quase quatro horas aos jurados que irão decidir se o PM é culpado ou inocente.
"O senhor é o comandante da operação e, se houver necessidade, pode entrar", reproduziu Campos a frase que teria dito ao coronel, por rádio, após saber que a "situação estava caótica", na tarde de 2 de outubro de 1992.
Antes disso, o secretário e Ubiratan haviam se falado uma vez por telefone, após o almoço, logo que Campos soube da rebelião. "Só tive contato na Casa de Detenção com o coronel Ubiratan", afirmou, ao responder pergunta da juíza Maria Cristina Cotrofe.
Ele disse que, em nenhum momento, esteve na Casa de Detenção ou participou das decisões.
Campos disse que não sabia das medidas tomadas por Ubiratan nem como seria a invasão. Descreveu o coronel como seu homem de confiança, cotado para ser "subcomandante da PM".

Argumento de defesa
Depois de Campos, o depoimento do juiz aposentado Antônio Luiz Filardi, então subsecretário da Segurança Pública, apresentou os principais pontos aos quais o advogado de defesa Vicente Cascione vai recorrer em sua argumentação final.
Ele disse que Ubiratan participou só do início da operação, porque teria sido atingido por uma explosão. "Eu vi ele sair lá de dentro amparado e muito tonto."
Filardi ainda disse que houve uma reunião com o diretor do presídio, José Ismael Pedrosa, dois juízes corregedores e o coronel Ubiratan, e entre eles houve o consenso de que o pavilhão tinha de ser ocupado pela PM.
Mas a informação não confere com a dada em outro depoimento, pela manhã, do diretor de vigilância do presídio na época, Aparecido Fidelis. Ele disse que Pedrosa quase foi atropelado pela tropa de choque quando tentava ainda negociar com os rebelados.




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