São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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Polícia buscava esconderijo havia 2 meses

Área de inteligência tentava obter a localização de local onde traficantes guardavam armas e criar uma estratégia para chegar lá

Segundo o secretário de Segurança do Rio, "havia décadas" que a polícia não chegava a essas áreas, mas núcleo não foi alcançado

DA SUCURSAL DO RIO

O principal alvo da operação de ontem era uma casa rosa, no alto da favela da Grota, no complexo do Alemão, onde estavam escondidas metralhadoras antiaéreas, fuzis, munições e drogas. Segundo a Folha apurou, há dois meses a área de inteligência da polícia tentava obter a localização exata do paiol.
Nessa casa funcionava uma espécie de bunker principal do grupo que controla a venda de drogas no Alemão.
A rearticulação da quadrilha do mais conhecido traficante do Rio tornou o Alemão o maior fornecedor de armas e munições da facção criminosa Comando Vermelho a partir de 2006. Apesar de preso, Luís Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, voltou a operar na fronteira do Brasil com o Paraguai, segundo a polícia.
Chefe do tráfico do complexo do Alemão, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, é um dos principais aliados de Beira-Mar. Os dois estão no presídio de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná.
Em razão dessa ligação, a reorganização da quadrilha de Beira-Mar teria beneficiado o abastecimento de drogas, armas e munições do complexo, segundo a polícia.
Ontem, agentes chegaram ao paiol no fim da manhã. A troca de tiros foi intensa e durou ao menos 20 minutos. No final do confronto, os quatro traficantes responsáveis pela guarda do armamento estavam mortos.
De acordo com o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, das 19 mortes ocorridas ontem, a maioria aconteceu em três localidades (Areal, Matinho e Chuveirinho) no alto do complexo -ditas áreas arteriais, de abastecimento de armas e drogas.
Segundo ele, "havia décadas" que a polícia não conseguia chegar a essas áreas. Beltrame, porém, admitiu que a operação não atingiu o núcleo do poder do tráfico de armas e drogas. "Se continuássemos [em direção ao núcleo], o número de mortes seria ainda maior."
O secretário afirmou que o objetivo da ação foi cumprir mandados de prisão, apreender drogas, e, principalmente, localizar depósitos de armas.


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