São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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Tenente diz que não sabia que deveria soltar jovens na hora

Vinícius Ghidetti é um dos 11 militares acusados de entregar 3 rapazes a traficantes

Depoimento do oficial ontem foi classificado como surreal pela Promotoria Militar; capitão afirma que mandou liberar o grupo

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO

O depoimento do tenente Vinícius Ghidetti ontem à Justiça Militar foi contraditório, inverossímil e surreal, de acordo com a Promotoria Militar.
Ghidetti é um dos 11 militares acusados de entregar três jovens moradores do morro da Providência a traficantes do morro da Mineira.
O tenente participou ontem de acareação com o capitão Leandro Ferrari, que deu ordens a Ghidetti de liberar os rapazes no último dia 14.
O oficial admitiu ter recebido ordens de Ferrari para soltar os rapazes, mas alegou não saber que teria que soltá-los no momento que lhe foi ordenado. Em depoimentos anteriores, Ghidetti havia dito que queria era dar um susto nos jovens.
Já Ferrari afirmou ter feito a determinação quando o grupo estava ainda no morro da Providência, onde os militares detiveram os jovens por desacato.
"Foi altamente contraditório, deu uma versão surreal", disse a promotora de Justiça Militar Hevelize Covas.
Durante a tarde, o tenente participou de nova acareação, dessa vez ao lado do soldado Fabiano Eloi dos Santos, um dos militares presos.
Santos, segundo a promotora, é suspeito de ter detido um dos três jovens que tentou fugir ao ser entregue aos traficantes.
"Uma hora ele [Ghidetti] dizia que foi o soldado Fabiano, que pegou o rapaz, que tentou se evadir, mas depois de um minuto ele negava, dizia que não tinha certeza".
Com as acareações feitas, o Ministério Público Militar estuda fazer, com o auxílio de tropas do Bope, a reconstituição do caso no morro da Mineira.
Os advogados do tenente Vinícius Ghidetti não responderam à Folha até a conclusão desta edição para comentar as acareações. O Comando Militar do Leste também não se manifestou sobre os depoimentos de ontem.

Recurso
A Procuradoria Regional da União recorreu ontem, a pedido do Ministério das Cidades, da decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio, que embargou as obras do projeto Cimento Social.
Ao rebater a afirmação do TRE de que o projeto tem cunho eleitoral e beneficia o senador Marcelo Crivella (PRB), pré-candidato a prefeito, o procurador regional da União, Daniel Levy, diz que houve extrapolação da competência do juiz. Levy adverte que a decisão se excedeu na escolha dos meios para coibir a propaganda irregular antecipada, "ultrapassando o limite do razoável e se revelando desproporcional".


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