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Após 15 anos, escola é obrigada a fechar
Oito anos após pedir autorização para funcionamento, dona de unidade foi intimada pelo Conselho Municipal de Educação
Escola pediu licença da prefeitura em 2002, foi vistoriada em 2006 e teve o pedido indeferido em 2008, após 15 anos de atuação
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir de quarta-feira, os 20
alunos da escola infantil Bibi-lú, no Tucuruvi (zona norte), ficarão sem aulas. A escola será
fechada por determinação do
CME (Conselho Municipal de
Educação).
Sandra Dorea dos Santos é a
dona da Bibi-lú. Abriu a escola
há 15 anos e está há 6 na mesma
casa. Nunca teve licença da prefeitura para funcionar. Pediu a
autorização em 2002 (oito anos
após começar a funcionar, portanto), recebeu a primeira visita dos supervisores de ensino
em 2006 e, no ano passado, teve o pedido indeferido.
"Só falta a gente entregar o
nosso DNA para eles", disse
Sandra. "De toda a documentação, só falta o protocolo da licença de funcionamento."
A dona da escola fez todos os
recursos possíveis: pediu reconsideração do indeferimento
à Diretoria Regional de Educação do Jaçanã/Tremembé e ao
CME. Em abril, o conselho indeferiu definitivamente o pedido e mandou fechar a escola.
Sandra -formada em direito
em 2000 e pedagogia no ano
passado- cobra R$ 210 de
mensalidade para a criança
passar a tarde na escola. Mas, se
a família não pode pagar, o valor é negociado.
A filha de um casal de carroceiros, por exemplo, passa o dia
todo na escola e os pais pagam
R$ 60. Como não tem vaga na
creche pública do bairro, a menina ia trabalhar com os pais
até entrar na Bibi-lú.
A casa onde funciona a escola
é pequena, mas bem conservada e tem espaço adequado para
as 20 crianças. Tem playground, um gramado e salas de
aula para as brincadeiras.
A dona da escola acusa as supervisoras de ensino do bairro
de perseguição. "Não sei qual
crime eu cometi para essas pessoas fazerem isso comigo", disse Sandra. Segundo a secretaria, a escola não tem as condições mínimas para funcionar.
Sandra diz que as supervisoras chegaram a telefonar para
os pais de seus alunos sugerindo que eles matriculem os filhos em outra escola particular
na mesma rua. Como a Bibi-lú,
a escola vizinha não tem autorização para funcionar -o processo está em análise.
A Secretaria da Educação
disse, em nota, que os pais foram informados sobre a possibilidade de matricular seus filhos na rede pública, mas que
nenhum deles fez esta opção.
A maior reclamação das escolas é em relação à burocracia
para obter a autorização. O
Sieeesp (sindicato das escolas
particulares do Estado de SP)
tem um departamento que dá
orientações sobre como obter a
autorização. Mas no caso dos
prédios sem alvará -problema
que atinge cerca de 200 mil dos
318 mil imóveis comerciais na
cidade- , não há o que fazer: se
tudo correr bem, a prefeitura
leva até cinco anos para conceder a licença.
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