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Suspeitas freiam expansão da Unifesp
Em campus da Baixada Santista, prazo de conclusão atrasa dois anos; em Diadema, obras pararam sete meses
Universidade teve que suspender e refazer contratos em razão de irregularidades apontadas pelo TCU
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE BRASÍLIA
Obra fantasma, contratos
sem licitação e suspeitas de
superfaturamento com verba
federal provocaram atrasos
no processo de implantação
de novas unidades da Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo), mostra série
de relatórios do TCU.
Em razão das irregularidades, a Unifesp teve de suspender e refazer contratos e
abrir processos internos para
investigar indícios de fraude.
Com isso, as obras do campus da Baixada Santista vão
atrasar quase dois anos (prazo ficou para final de 2010).
Em Diadema, obras que chegam a cerca de R$ 30 milhões
ficaram sete meses paradas
-sendo retomadas em abril.
O TCU (Tribunal de Contas
da União) passou a fiscalizar
com lupa os gastos da Unifesp depois das acusações de
desvio que levaram ao afastamento do ex-reitor Ulysses
Fagundes Neto.
As auditorias incluíram a
Fap Unifesp, principal fundação de apoio da universidade, que recebia repasses
para conduzir a expansão.
Na Baixada, uma empresa
foi contratada informalmente para preparar projetos do
campus após uma negociação verbal, sendo escolhida
para um serviço de R$ 515
mil. A MHA Engenharia não
entregou todos os projetos.
Questionada, a empresa
disse ter sido autorizada a
trabalhar pela Unifesp por e-mail, sem assinar nada antes. Houve, segundo o TCU,
um "contrato verbal", após
uma negociação suspeita.
Em Diadema, houve um
acordo com a prefeitura para
adaptar as instalações do
campus da cidade, em 2006.
Por meio de uma "ata de
registro de preços", o que
afastou uma nova licitação, a
prefeitura contratou a Jacqsa
Construtora, por R$ 399 mil,
para reformas e melhorias
em uma cabine de energia
que iria abastecer a unidade.
O TCU foi ao local conferir
a obra. Com fotos, os auditores registraram que não havia nenhum serviço.
Prefeitura e empresa negam irregularidades. Porém,
o próprio coordenador do
campus revelou que as únicas melhorias haviam sido
feitas pela própria Unifesp.
Desde o ano passado, a
Jacqsa teve seis sócios. Os
dois atuais registram como
residência um endereço não
encontrado em São Paulo.
O tribunal também apontou um sobrepreço de 15%, a
título de "administração",
em um contrato com o IAB
(Instituto dos Arquitetos do
Brasil), para a realização do
concurso para escolher o melhor projeto arquitetônico
para a unidade de Diadema.
O contrato foi de R$ 379,8
mil e, diz o TCU, é 233% superior ao preço do mesmo serviço prestado pelo IAB à Procuradoria da República para
obras com valor semelhante.
Além disso, a Unifesp repassou o gerenciamento da
obra à Fap Unifesp, o que foi
considerado ilegal pelo TCU.
Diante disso, a fundação foi
afastada em outubro de
2009, a obra parou e só foi retomada neste ano.
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