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VÍTIMAS DA PÍLULA
Mulheres que tomavam anticoncepcional de farinha afirmam que ausência de menstruação foi o alerta
Gravidez chega com surpresa e lágrimas
CARLA CONTE
da Reportagem Local
A ausência de menstruação foi o
grande alerta para elas. Adeptas do
anticoncepcional como forma de
prevenir a gravidez, a menstruação era o sinal de que estavam
conseguindo o que queriam
-evitar filhos.
Mas a surpresa foi descobrir que,
apesar de tomar o anticoncepcional Microvlar, estavam grávidas.
Um grupo de mulheres -pelo
menos sete até agora se manifestaram- diz ter sido vítima das pílulas de farinha que chegaram às farmácias (leia texto abaixo).
Umas comemoram a chegada do
filho não planejado, mas outras
ainda tentam superar a notícia
inesperada, o nervosismo, e se
preparam para enfrentar uma mudança radical de vida.
Valquíria de Souza Carvalho, 25,
grávida de dois meses, passou por
uma cirurgia -retirou parte do
colo do útero em setembro do ano
passado e começou tratamento.
Por recomendação médica, ela
não poderia engravidar nos próximos dois anos. "Quando eu soube
da gravidez fiquei desesperada.
Não acho isso justo, eu estava me
cuidando direitinho", afirma.
Segundo ela, os médicos disseram que não haverá complicações.
"O tratamento vai ter que ficar
para depois do parto, mas o médico disse que está tudo bem."
Agora, mais aliviada e animada
com a gravidez, afirma que só espera que o filho "venha com saúde". "Deixei na mão de Deus."
Márcia Nóbrega, 33, também levou um susto. Após saber da gravidez, teve um sangramento. "Tive medo de perder a criança. Mas
agora está tudo bem", diz. "Desde que fiquei sabendo da gravidez,
desejo esse filho a cada minuto."
"Não acredito"
"Não posso acreditar." Leni
Aparecida Pires Vieira, 32, mãe de
um menino de 6 anos e grávida de
dois meses, fez teste de farmácia e
deu positivo. "Como pode isso?"
Só se convenceu da gravidez depois de fazer um exame de sangue
e passar por um médico.
"Eu tomo pílula há 10 anos. Tudo sempre ocorreu certo: depois
do fim da cartela vinha a menstruação, sem nunca atrasar.
Quando vi que não veio no dia
previsto, já sabia que algo sério estava acontecendo."
Sua prima Celma Aparecida da
Silva, 31, também ficou grávida no
mesmo período. Mãe de dois filhos, diz que não queria mais nenhum. "Já tenho um casal e está
muito bom." Com medo de novas
surpresas, ela afirma que que quer
ligar as trompas.
"Não dá, eu ajudo meu marido,
que é camelô. Mais um filho realmente não estava no programa."
Celma afirma que no começo da
gravidez tinha crises de choro.
"Mas não tem jeito, né? É me preparar para que tudo ocorra bem,"
afirma Celma, que teve sua primeira consulta de pré-natal na
quinta-feira.
Lágrimas
Maria Seila Gonçalves, 32, tem
dois filhos -um menino de 6
anos e uma menina de 9, que estudam em colégio público. "Não tenho condições financeiras. Meus
filhos têm plano de saúde, mas o
dinheiro não dá para mais um."
Mesmo com as dificuldades, ela
diz que precisa ser forte. "Não
posso rejeitar uma criança."
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