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USP troca seringas no centro de SP
da Reportagem Local
Um núcleo de estudos da Universidade de São Paulo está trocando
seringas para dependentes de drogas injetáveis numa galeria da rua
24 de Maio, no centro de SP. Na
mesma sala funciona o primeiro
centro de convivência do país dedicado a esse tipo de dependente.
Desde a semana passada, o Centro de Convivência É de Lei -como é chamado- vem realizando
"bate-papos" com usuários de
drogas e outros interessados em
prevenção à Aids, sexo e drogas.
Os encontros acontecem a partir
das 18h das segundas-feiras e têm o
sugestivo nome de "Chá de Lírio
-Venha Conhecer Nossas Ervas".
Nesse "happy-hour preventivo",
são servidos diferentes sabores de
chás disponíveis no mercado.
O projeto é desenvolvido pelo
Nepaids, Núcleo de Estudos para a
Prevenção da Aids da Universidade de São Paulo. O mesmo projeto
do posto de troca e do centro de
convivência inclui um "trabalho
de campo", que já existe há três
anos e que antes era desenvolvido
pela Apta, uma ONG que trabalha
com prevenção à Aids.
A troca de seringas faz parte do
trabalho de redução de danos, já
que o uso compartilhado é uma
das principais formas de contaminação pelo vírus HIV.
"Optamos por uma galeria no
centro porque queríamos um espaço aberto, onde as pessoas pudessem entrar sem passar por portarias", diz Cristina Maria Brites,
coordenadora do projeto.
O espaço vem sendo visitado por
cerca de 30 jovens por mês. "Eles se
aproximam com cautela, o que é
natural", diz Jandira Brasão de
Barros, que passa o dia na galeria.
O trabalho de campo, onde as
técnicas vão até os locais de uso,
vem trocando seringas para cerca
de 50 usuários. "O campo é um espaço onde eles compram e usam a
droga; o centro de convivência é
um espaço livre de drogas", diz a
psicóloga Andrea Domanico, que
trabalha nos dois lugares.
Luciana R., 29, é uma ex-usuária
e trabalha como voluntária do projeto. Pegou Aids do marido, que
morreu no ano passado e que também era voluntário. "Muitos de
nós mudamos o jeito de usar depois que começou o trabalho de
dar seringa e informação", diz.
Às quartas, às sextas e aos sábados, ela passa horas junto a uma
danceteria da periferia, trocando e
distribuindo seringas. "Trocar é
difícil, pois eles jogam ali no mato
mesmo, assim que usam."
Além do programa de trocas do
Nepaids, dois outros funcionam
em São Paulo. Um promovido pela
Associação Lar, de Osasco, que
troca 40 seringas por semana.
"Eles passaram a cuidar mais da
saúde", diz Nivaldo Aguiar, ex-usuário e presidente da ONG.
O outro projeto, o "Bocada", é
desenvolvido pelo Programa Estadual de DST-Aids em três campos
da zona norte da cidade. Cerca de
250 seringas são trocadas por mês.
No Estado, há 16 projetos de redução de danos, diz a coordenadora e psicóloga Sueli Santos. "O
mais difícil vem sendo a implantação dos programas em postos de
saúde."
(AURELIANO BIANCARELLI)
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