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SEGURANÇA PÚBLICA
A suspeita é que haja a participação de comando de detentos e auxílio de funcionários de presídios
Facilitação de fugas em SP é investigada
RAQUEL LIMA
DA FOLHA CAMPINAS
A Corregedoria da Coesp
(Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado
de São Paulo) investiga a ação de
comandos de presos e a participação de policiais nas fugas das três
penitenciárias de Hortolândia
(119 km de São Paulo), consideradas de segurança máxima.
Pelo menos dois comandos -o
PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade)- mantêm membros presos em Hortolândia, segundo a
Corregedoria.
Os comandos são grupos organizados de presos, que seguem,
inclusive, um estatuto. Entre as
normas destes grupos, está o
compromisso de resgatar os que
permanecem detidos.
"Há pelo menos três integrantes
do Primeiro Comando em cada
uma das penitenciárias de Hortolândia. Na P 2, há ainda um dos líderes do Comando Revolucionário", disse o corregedor-geral Renato Talli.
De acordo com Talli, o PCC
conta com cerca de 480 integrantes presos e em liberdade em todo
o Estado. O líder, Edmir Carlos
Ambrósio, conhecido como
"Sombra", está detido na Casa de
Custódia de Taubaté (134 km de
São Paulo).
O corregedor não descarta a
possibilidade de uma "guerra de
comandos". Os dois grupos são
rivais, segundo ele.
"Todo grupo quer o sucesso, o
comando da cadeia e, para conseguir isso, pode até haver morte
entre eles", disse Talli.
Parceria
A Corregedoria investiga uma
possível parceria entre os integrantes dos comandos e os agentes penitenciários nas fugas.
Segundo dados da Coesp, aconteceram 34 fugas entre janeiro do
ano passado e fevereiro deste ano
nas três penitenciárias. A Coesp
não divulgou dados atualizados.
A última fuga foi na P 3, no último domingo, quando cinco presos pularam a muralha com o auxílio de cordas e madeira.
Dez dias antes, oito presos também escaparam da P 3 na madrugada. "Aconteceram umas fugas
inexplicáveis nestas três unidades", disse o corregedor-geral.
Nas blitze realizadas anteontem
pela Corregedoria da Coesp nas
Penitenciárias 2 e 3 foram encontrados 94 estiletes, 12 aparelhos de
telefone celular e 644 gramas de
maconha.
"Estamos investigando as fugas
ocorridas nas penitenciárias e
suspeitamos que exista um esquema de fuga", disse Talli.
O corregedor-geral disse que investiga o esquema por meio de
denúncias. Em uma delas, o traficante Paulo César Alves Pereira,
25, teria pago R$ 200 mil para fugir da P 3 de Hortolândia. Pereira
fugiu no último dia 13. Ele havia
sido preso em dia 24 de maio deste ano, em Mogi Guaçu (167 km
de São Paulo), com 140 kg de maconha.
A Polícia Civil de Mogi Guaçu
disse que só soube da fuga de Pereira 11 dias depois, por meio de
uma denúncia anônima.
"A penitenciária tinha de nos
informar da fuga dele (Pereira)
porque o processo ainda está em
aberto", disse o delegado-seccional de Mogi Guaçu, Márcio Souza
e Silva Dutra.
"Ela (penitenciária) é muito segura. Acredito que, para fugir de
lá, só com propina", disse Dutra.
Um agente penitenciário, que
trabalha há sete anos na P 2 e pediu para não ser identificado,
confirmou a existência de "esquema de fuga".
"Este esquema existe sim. Os
presos oferecem de R$ 10 mil a R$
20 mil para ter a fuga facilitada".
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