São Paulo, sábado, 28 de julho de 2007

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Justiça nega pedido para interditar Congonhas

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz federal Clécio Braschi, da 8ª Vara Federal Cível de São Paulo, negou ontem à noite pedido do Ministério Público Federal para inteditar Congonhas. O aeroporto continuará funcionando, aponta a decisão.
Braschi acolheu argumento da Infraero -segundo o qual é "precipitado" afirmar que a pista do aeroporto colaborou para o acidente com o avião Airbus-A320- e defendeu a continuidade dos pousos e decolagens no aeroporto. "Ao contrário, há indícios de que não existe nexo causal. Não há notícia qualquer acidente cujo motivo estivesse relacionado à possível insegurança nas pistas", escreveu.
O juiz também rejeitou pedido de auditoria independente para avaliar as causas do acidente, ocorrido no dia 17.
O Ministério Público Federal havia pedido o fechamento do aeroporto até o esclarecimento das causas da tragédia.
No ofício enviado à Justiça, a Infraero disse: "Nessas horas, o que se vê são muitos "aventureiros" (profissionais sem escrúpulos), partindo de falsas premissas, sem qualquer certeza sobre a causalidade do ocorrido, afirmando sem qualquer expertise situações que ainda se encontram no campo obscuro das investigações. É preciso muito cuidado (...) sem haver a necessidade de se agregar conclusões precipitadas".
A Infraero também alegou que "são usuais" os avisos dados aos pilotos, pela torre de controle, de que a pista principal estava "escorregadia". O órgão confirmou que o piloto do avião da Gol que fazia o vôo 1697 fez uma comunicação desse tipo aos controladores às 17h04 do dia 17, cerca de uma hora e meia antes do acidente. A pista foi fechada e, segundo o órgão, dois funcionários afirmaram que não havia poças na pista. A existência de poças com mais de 3 mm deveria fazer a pista fechar.
A Infraero diz que o aviso foi repassado às aeronaves que pousariam.
A empresa também enviou à Justiça Federal um relatório de 22 páginas do diretor de engenharia adjunto do órgão, Armando Schneider Filho, que defende as condições da pista com base em medições do nível de atrito do solo, realizadas nos dias 13 de junho e 19 de julho (dois dias depois do acidente). Nesses testes, segundo Schneider, são reproduzidas as condições do solo sob chuva.
Schneider também alegou que o "grooving" (ranhuras na pista) não servem apenas para aumentar o atrito do pneu com o solo, mas também para escoar a água e evitar a formação de poças. "Funciona como um instrumento de redundância no aspecto de segurança, ampliando a área de contato do pneu da aeronave", escreveu o diretor.
Segundo ele, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) autorizou o funcionamento da pista principal sem "grooving".


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