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Justiça nega pedido para interditar Congonhas
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz federal Clécio Braschi,
da 8ª Vara Federal Cível de São
Paulo, negou ontem à noite pedido do Ministério Público Federal para inteditar Congonhas. O aeroporto continuará
funcionando, aponta a decisão.
Braschi acolheu argumento
da Infraero -segundo o qual é
"precipitado" afirmar que a pista do aeroporto colaborou para
o acidente com o avião Airbus-A320- e defendeu a continuidade dos pousos e decolagens
no aeroporto. "Ao contrário, há
indícios de que não existe nexo
causal. Não há notícia qualquer
acidente cujo motivo estivesse
relacionado à possível insegurança nas pistas", escreveu.
O juiz também rejeitou pedido de auditoria independente
para avaliar as causas do acidente, ocorrido no dia 17.
O Ministério Público Federal
havia pedido o fechamento do
aeroporto até o esclarecimento
das causas da tragédia.
No ofício enviado à Justiça, a
Infraero disse: "Nessas horas, o
que se vê são muitos "aventureiros" (profissionais sem escrúpulos), partindo de falsas
premissas, sem qualquer certeza sobre a causalidade do ocorrido, afirmando sem qualquer
expertise situações que ainda
se encontram no campo obscuro das investigações. É preciso
muito cuidado (...) sem haver a
necessidade de se agregar conclusões precipitadas".
A Infraero também alegou
que "são usuais" os avisos dados aos pilotos, pela torre de
controle, de que a pista principal estava "escorregadia". O órgão confirmou que o piloto do
avião da Gol que fazia o vôo
1697 fez uma comunicação desse tipo aos controladores às
17h04 do dia 17, cerca de uma
hora e meia antes do acidente.
A pista foi fechada e, segundo o
órgão, dois funcionários afirmaram que não havia poças na
pista. A existência de poças
com mais de 3 mm deveria fazer a pista fechar.
A Infraero diz que o aviso foi
repassado às aeronaves que
pousariam.
A empresa também enviou à
Justiça Federal um relatório de
22 páginas do diretor de engenharia adjunto do órgão, Armando Schneider Filho, que
defende as condições da pista
com base em medições do nível
de atrito do solo, realizadas nos
dias 13 de junho e 19 de julho
(dois dias depois do acidente).
Nesses testes, segundo Schneider, são reproduzidas as condições do solo sob chuva.
Schneider também alegou
que o "grooving" (ranhuras na
pista) não servem apenas para
aumentar o atrito do pneu com
o solo, mas também para escoar
a água e evitar a formação de
poças. "Funciona como um instrumento de redundância no
aspecto de segurança, ampliando a área de contato do pneu da
aeronave", escreveu o diretor.
Segundo ele, a Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) autorizou o funcionamento da
pista principal sem "grooving".
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