São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2010

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CESIA WASERMAN (1923-2010)

Uma "dama de ferro" polonesa

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Cesia Waserman não conhecia a própria data de nascimento. Polonesa, vinha de família humilde, que não tinha a tradição de comemorar aniversário, e seus documentos se perderam após os nazistas invadirem sua cidade.
Nos anos 40, ela teve pais e irmãos mortos e passou por campos de concentração. Era sobrevivente de Auschwitz.
Antes de se separar da família, ouviu os pedidos da mãe para que, por toda a vida, cativasse as pessoas.
Após o fim do conflito, conheceu o marido num campo de refugiados. O casal foi viver em Paris, onde Cesia trabalhou como costureira. Até que o marido sugeriu que se mudassem para o Brasil. Chegaram aqui em 1948.
Até 1960, moraram em Ponta Grossa (PR). Vieram então para São Paulo, onde abriram uma loja de roupa.
No Brasil, por seu nome ser pouco comum, passou a se chamar Silvia. E escolheu o 4 de abril como aniversário.
Cozinhava para manter viva a memória da mãe, de quem aprendera receitas.
Gostava de falar do passado com a família. Ao neto Fernando Frochtengarten, deu um longo depoimento, que ele registrou no livro "Memórias de Vida, Memórias de Guerra" (2005).
Era chamada de Dama de Ferro pelos netos. O pedido da mãe, para ser cativante, ela atendeu. Mas sua alegria era sempre angustiada, por ter podido viver coisas que os familiares não puderam.
Nos anos 90, superou um câncer, mas passou a ter problemas de vista. Viúva desde 2001, morreu no sábado (17), aos 87, de insuficiência cardíaca. Teve duas filhas, quatro netos e três bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br


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