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CESIA WASERMAN (1923-2010)
Uma "dama de ferro" polonesa
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Cesia Waserman não conhecia a própria data de nascimento. Polonesa, vinha de
família humilde, que não tinha a tradição de comemorar
aniversário, e seus documentos se perderam após os nazistas invadirem sua cidade.
Nos anos 40, ela teve pais e
irmãos mortos e passou por
campos de concentração. Era
sobrevivente de Auschwitz.
Antes de se separar da família, ouviu os pedidos da
mãe para que, por toda a vida, cativasse as pessoas.
Após o fim do conflito, conheceu o marido num campo
de refugiados. O casal foi viver em Paris, onde Cesia trabalhou como costureira. Até
que o marido sugeriu que se
mudassem para o Brasil.
Chegaram aqui em 1948.
Até 1960, moraram em
Ponta Grossa (PR). Vieram
então para São Paulo, onde
abriram uma loja de roupa.
No Brasil, por seu nome
ser pouco comum, passou a
se chamar Silvia. E escolheu
o 4 de abril como aniversário.
Cozinhava para manter viva a memória da mãe, de
quem aprendera receitas.
Gostava de falar do passado com a família. Ao neto
Fernando Frochtengarten,
deu um longo depoimento,
que ele registrou no livro
"Memórias de Vida, Memórias de Guerra" (2005).
Era chamada de Dama de
Ferro pelos netos. O pedido
da mãe, para ser cativante,
ela atendeu. Mas sua alegria
era sempre angustiada, por
ter podido viver coisas que os
familiares não puderam.
Nos anos 90, superou um
câncer, mas passou a ter problemas de vista. Viúva desde
2001, morreu no sábado (17),
aos 87, de insuficiência cardíaca. Teve duas filhas, quatro netos e três bisnetos.
coluna.obituario@uol.com.br
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