São Paulo, terça, 28 de julho de 1998

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CRIME NO PARQUE
Ela quer que o suspeito de ser maníaco se entregue à polícia; delegado ouve ex-namorada e travesti
Mãe diz que motoboy precisa de tratamento

da Reportagem Local

A dona-de-casa Maria Helena Souza Pereira, 51, disse que o motoboy Francisco de Assis Pereira, 30, seu filho, precisa de tratamento médico. Francisco é acusado de ser o maníaco que matou seis mulheres no parque do Estado (zona sudeste de São Paulo).
"Se ele fez isso, algum problema muito sério ele tem", disse. Ela pediu que o filho telefone para casa ou para o advogado da família. "Ele deve se entregar à polícia."
Essa é mesma opinião do pescador Nelson Pereira, 51, pai do motoboy. "A gente quer saber o que o levou a fazer isso, pois há fortes indícios de que ele é culpado."
O pai disse que o filho deve se entregar para responder pelo que teria feito. "Podem estar aproveitando para jogar um monte de coisas nas costas dele. Quem me garante que ele não vai praticar isso de novo se ficar em liberdade?"
Os pais chegaram ontem a São Paulo e se reuniram com o advogado Ademar Gomes, que defende o motoboy. "Se ele (Francisco) não se entregar até quinta-feira, eu largarei o caso", disse Gomes.


Depoimentos
A polícia ouviu ontem dois depoimentos de pessoas que disseram ter mantido relações amorosas com Francisco. A primeira foi Janete Nogueira Lemos, 22.
Ela disse que namorou o motoboy e que teve um filho de Francisco, que não teria reconhecido a paternidade da criança.
Ela confirmou que o suspeito escreveu em sua agenda textos em que ele revela o desejo de casar com uma jovem de 12 anos a fim de que pudesse moldar o caráter da adolescente.
Além dela, os policiais ouviram o depoimento do travesti que usa o nome de Tainá Rodrigues, 22. Tainá disse que manteve um caso durante 14 meses com o motoboy.
Ele afirmou que os dois tiveram relações sexuais e que, no dia em que se separaram, Francisco teria dito, após uma briga, que "um dia seria famoso, mesmo que fosse nas páginas policiais dos jornais".
O delegado Sérgio Alves, 35, da equipe C-Sul do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), disse que o acusado foi visto pela última vez na semana passada em Mato Grosso do Sul. "Ele é uma pessoa doente", disse.

Laudo
O IML (Instituto Médico Legal) entregou ontem à polícia o laudo oficial sobre o assassinato da balconista Selma Ferreira Queiroz, 18, achada morta no parque.
O exame concluiu que ela morreu por asfixia e que o corpo tinha ferimentos até no útero. "Ela foi torturada", disse o delegado.
Segundo o IML, não foram achados espermatozóides a fim de que fosse obtido o DNA para que fosse comparado com o DNA do suspeito. (MARCELO GODOY)



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