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SAÚDE
Para 73%, FHC deve aprovar lei que obriga hospitais a realizar cirurgias em caso de estupro ou de risco para a mãe
Paulistano apóia projeto do aborto legal
da Reportagem Local
A polêmica em torno do projeto
de lei que obriga os hospitais credenciados do SUS (Sistema Único
de Saúde) a realizar o aborto legal
chegaria ao fim se fosse considerada a opinião dos paulistanos.
Pesquisa Datafolha mostra que a
grande maioria da população da
cidade de São Paulo é favorável à
realização do aborto em caso de
estupro (77%) ou quando há risco
de vida para a gestante (79%).
Esses dois casos já estão previstos na lei desde a década de 40, mas
um projeto dos deputados Eduardo Jorge (PT-SP) e Sandra Starling
(PT-MG), aprovado na Comissão
de Constituição de Justiça da Câmara, obriga todos os hospitais do
SUS do país a fazerem o aborto
nesses casos.
Hoje, apenas nove hospitais em
todo o pais realizam a interrupção
da gravidez.
Para 56% dos entrevistados, a lei
deve continuar como está. Além
disso, o mesmo número de pessoas reprova as declarações do ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, que disse ser contrário à lei e
comparou aborto a um assassinato.
Para 73%, o presidente Fernando Henrique Cardoso deveria
apoiar a lei e sancioná-la. 65% dizem que ele deveria manifestar essa opinião publicamente.
Não ao aborto
Apesar de aprovar o projeto, o
paulistano está mais conservador.
Apenas 21% querem que o aborto
seja permitido por lei em mais situações, 22 pontos percentuais a
menos do que o apurado pelo Datafolha em agosto de 1994.
O índice dos que aprovam o
aborto em qualquer situação ficou
praticamente inalterado. Passou
de 19% na pesquisa anterior para
18% desta vez, variação dentro da
margem de erro.
Além do que a lei já prevê, o paulistano acha aceitável o aborto
quando a mãe tem Aids ou quando
há má-formação do feto.
Problemas financeiros ou do casal não justificam a interrupção da
gravidez para a maioria dos entrevistados pelo Datafolha.
A grande maioria também acha
que o médico (63%) e a mãe (54%)
têm que ser punidos quando fazem abortos. 21% acreditam que
os médicos deveriam perder o direito de praticar a profissão e 14%
disseram que eles deveriam prestar serviços para a comunidade. A
punição escolhida para as mulheres que abortam foram os serviços
comunitários (27%).
Os entrevistados concordam
também com o projeto de lei no
que se refere ao fato de o médico
poder escolher se faz ou não um
aborto. 62% afirmaram que os
profissionais devem ter o direito
de escolher.
O tema é de interesse da maioria
dos paulistanos, porque 85% já
ouviram falar da lei do aborto.
Há discordância sobre se a Igreja
Católica deveria aproveitar a visita
do papa João Paulo 2º ao Brasil
(prevista para outubro) para discutir o assunto. 52% acham que
sim e 45%, que não.
Para a pesquisa, o Datafolha ouviu ontem 1.080
pessoas com mais de 16 anos na cidade de São
Paulo. A margem de erro da pesquisa é de três
pontos percentuais para cima ou para baixo.
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