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São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2003

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ADMINISTRAÇÃO

Prefeitura usa o serviço 156, criado para receber queixas da população, para convidar morador a conhecer escolões

Marta usa telemarketing para divulgar CEUs

DO "AGORA"

Não só anúncios de quatro páginas em jornais ou inserções no horário nobre da TV têm servido aos propósitos da Prefeitura de São Paulo de divulgar intensamente os CEUs (Centros Educacionais Unificados) -a principal bandeira da gestão da prefeita Marta Suplicy (PT).
Agora, as informações oficiais sobre os escolões chegam às casas das pessoas também por telefone -queiram elas ou não. É que a prefeitura decidiu usar sua central de atendimento -criada para receber reclamações e comentários sobre os serviços prestados pelo poder público- para divulgar os CEUs, os chamados escolões.
Quem recebeu a ligação afirma que os telefonistas -que se revezam nas 150 linhas, em tese, de atendimento, que funcionam 24 horas por dia- convidam o interlocutor a visitar as instalações de um CEU e pedem o endereço da casa dele para enviar informativos. Atualmente, isso tem ocorrido na região de Perus (zona norte da capital).
A prefeitura diz que os informativos em questão são de campanhas públicas -como da dengue- e afirmou que as chamadas só são feitas quando há "ociosidade de linhas" -entre as 8h e as 9h, entre as 13h e as 14h e entre as 18h e as 21h. Seriam 3.000 ligações diárias -a central recebe 26 mil chamadas ao dia.
O governo sustenta que as ligações são de "serviço, não de propaganda". Diz também que o método de telemarketing ativo -quando a ligação parte da central, não do usuário- já foi usado em campanhas -contra a dengue e as enchentes, por exemplo.

Polêmica
O assunto é polêmico. Para o advogado Jacinto Arruda Câmara, professor de direito administrativo da PUC, o método só é inconstitucional quando há promoção pessoal da autoridade, conforme o artigo 37 da Constituição. No relato feito à reportagem, não ouve menção ao nome da prefeita Marta Suplicy.
A intensa divulgação dos CEUs, porém, já é alvo de investigação no Ministério Público -sobre a necessidade do gasto com as peças e o teor delas, que tem de ser informativo. O promotor Wallace Paiva vai analisar o telemarketing na mesma apuração.
Eram 21h de segunda-feira quando o aposentado A.M., 56 anos, morador de Pirituba (zona norte de SP), atendeu a uma ligação de uma pessoa que se identificou como sendo da Prefeitura de São Paulo.
"O senhor conhece o CEU Perus?", perguntou a telefonista.
Em seguida, M. ouviu uma descrição dos serviços oferecidos e recebeu um convite para visitar as instalações -por ser morador de uma região próxima ao CEU. "Achei uma invasão de privacidade. Já tinha ouvido falar do CEU pela TV, não precisava receber telefonemas em minha casa", afirmou o aposentado.


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