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ADMINISTRAÇÃO
Prefeitura usa o serviço 156, criado para receber queixas da população, para convidar morador a conhecer escolões
Marta usa telemarketing para divulgar CEUs
DO "AGORA"
Não só anúncios de quatro páginas em jornais ou inserções no
horário nobre da TV têm servido
aos propósitos da Prefeitura de
São Paulo de divulgar intensamente os CEUs (Centros Educacionais Unificados) -a principal
bandeira da gestão da prefeita
Marta Suplicy (PT).
Agora, as informações oficiais
sobre os escolões chegam às casas
das pessoas também por telefone
-queiram elas ou não. É que a
prefeitura decidiu usar sua central de atendimento -criada para receber reclamações e comentários sobre os serviços prestados
pelo poder público- para divulgar os CEUs, os chamados escolões.
Quem recebeu a ligação afirma
que os telefonistas -que se revezam nas 150 linhas, em tese, de
atendimento, que funcionam 24
horas por dia- convidam o interlocutor a visitar as instalações
de um CEU e pedem o endereço
da casa dele para enviar informativos. Atualmente, isso tem ocorrido na região de Perus (zona norte da capital).
A prefeitura diz que os informativos em questão são de campanhas públicas -como da dengue- e afirmou que as chamadas
só são feitas quando há "ociosidade de linhas" -entre as 8h e as
9h, entre as 13h e as 14h e entre as
18h e as 21h. Seriam 3.000 ligações
diárias -a central recebe 26 mil
chamadas ao dia.
O governo sustenta que as ligações são de "serviço, não de propaganda". Diz também que o método de telemarketing ativo
-quando a ligação parte da central, não do usuário- já foi usado
em campanhas -contra a dengue e as enchentes, por exemplo.
Polêmica
O assunto é polêmico. Para o
advogado Jacinto Arruda Câmara, professor de direito administrativo da PUC, o método só é inconstitucional quando há promoção pessoal da autoridade, conforme o artigo 37 da Constituição.
No relato feito à reportagem, não
ouve menção ao nome da prefeita
Marta Suplicy.
A intensa divulgação dos CEUs,
porém, já é alvo de investigação
no Ministério Público -sobre a
necessidade do gasto com as peças e o teor delas, que tem de ser
informativo. O promotor Wallace
Paiva vai analisar o telemarketing
na mesma apuração.
Eram 21h de segunda-feira
quando o aposentado A.M., 56
anos, morador de Pirituba (zona
norte de SP), atendeu a uma ligação de uma pessoa que se identificou como sendo da Prefeitura de
São Paulo.
"O senhor conhece o CEU Perus?", perguntou a telefonista.
Em seguida, M. ouviu uma descrição dos serviços oferecidos e
recebeu um convite para visitar as
instalações -por ser morador de
uma região próxima ao CEU.
"Achei uma invasão de privacidade. Já tinha ouvido falar do CEU
pela TV, não precisava receber telefonemas em minha casa", afirmou o aposentado.
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