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SAÚDE
Relatório de abril recomendava a realização de concurso público no Inca
Documento vê falhas em contratação
DA SUCURSAL DO RIO
Um relatório da CGU (Controladoria Geral da União) de 7 de
abril deste ano aponta irregularidades na contratação de pessoal
para o Inca (Instituto Nacional do
Câncer) pela FAF (Fundação Ary
Frauzino). O documento recomenda a realização de concurso
público para o instituto -o último foi promovido em 1994.
A FAF foi criada em 1991 a fim
de captar recursos suplementares
para o Inca, mas é mantida basicamente com verbas do Sistema
Único de Saúde. Dos R$ 65 milhões do orçamento deste ano, R$
55 milhões vêm do SUS.
O relatório da CGU, baseado em
dados do ano passado, mostra
que nos últimos oito anos a FAF
foi usada para cobrir o déficit de
funcionários concursados e driblar os baixos salários do setor
público. No ano passado, 35% dos
funcionários do Inca eram contratados pela fundação -1.150 de
um total de 3.259. Dos 35 cargos
de direção, 22 eram ocupados por
contratados da fundação.
A instituição está no centro da
crise que obrigou o Ministério da
Saúde a intervir no Inca, nesta semana, depois que cinco diretores
de unidades deixaram seus cargos, denunciando a falta de medicamentos e criticando a nomeação de Zélia Abdulmacih -que
não tem vínculos com o instituto- para o cargo de diretora-executiva de Administração.
Abdulmacih foi nomeada por
Jamil Haddad, ex-diretor-geral,
que ficou apenas quatro meses no
cargo. Ao se demitir, na segunda-feira, Haddad acusou a fundação
de boicotar sua gestão.
Entre as irregularidades apontadas no relatório da CGU está o duplo vínculo de 50 funcionários do
Inca, ao Ministério da Saúde e à
FAF. Além disso, 467 servidores
tinham complementação salarial
pela fundação, o que seria ilegal.
A média salarial de um médico
do Inca, com 15 anos de carreira, é
de R$ 4.500. A complementação
pode elevar o salário a R$ 20 mil.
No relatório da CGU, o então
coordenador de Recursos Humanos do Inca, Ivan Perrone Teixeira, nega as irregularidades. Perrone afirma que os 50 cargos de duplo vínculo não existem mais.
Intervenção
Ontem à noite, a intervenção do
Ministério da Saúde no Inca foi
formalizada, com a nomeação de
uma comissão de três pessoas para administrar o hospital.
Segundo o secretário de Atenção à Saúde do ministério, Jorge
Solla, 118 itens estavam em falta
na instituição e 70% das compras
deste ano foram feitas sem licitação. Desde segunda-feira, medicamentos foram remanejados de
outros hospitais, reduzindo para
56 o número de itens faltantes.
Solla criticou o que chamou de
"falta de planejamento administrativo" do Inca e disse que o problema não é apenas conjuntural,
mas estrutural, com raízes no governo anterior. Solla disse que, em
2001 e 2002, cerca de 80% das
compras eram feitas sem licitação, em caráter emergencial.
O ex-diretor-geral Jacob Kligerman afirmou que, de 378 licitações abertas em 2002, 170 (45%)
foram dispensadas, por emergência ou outras causas. "Na minha
gestão, nenhuma cirurgia foi cancelada por falta de medicamentos", afirmou Kligerman.
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