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Acaba o seqüestro de filho de vereador
Grupo pediu R$ 3 milhões para libertar Ricardo Mutran, mas a família diz que não houve o pagamento de resgate
Advogado foi levado no dia 19 de julho de lanchonete na Vila Maria; Mutran acredita que criminosos soltaram o filho por medo da polícia
REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O advogado Ricardo Mutran,
43, foi libertado ontem pelos
seqüestradores que há 39 dias
o levaram de uma lanchonete
na Vila Maria, zona norte de
São Paulo. O vereador Wadih
Mutran (PFL), pai de Ricardo,
afirma que o grupo chegou a
pedir R$ 3 milhões para libertá-lo, mas diz que não houve o
pagamento de resgate.
Segundo o vereador, Ricardo
não sofreu maus-tratos e passa
bem, apesar de ter dificuldade
para falar, pois ficou o tempo
todo de cabeça baixa. "Ele está
uns 12 quilos mais magro, barbudo e cabeludo. Mas está
bem", disse Mutran.
Ricardo contou que o grupo
o deixou na via Dutra, por volta
da 1h30, perto de Guarulhos
(Grande SP). Foi levado até a
rodovia, encapuzado, no banco
traseiro de um veículo. O advogado não sabe quanto tempo
caminhou e só ligou para a família ao perceber que estava na
Vila Maria. "Senti muito medo,
principalmente na troca de cativeiro e na saída."
Ele afirmou que foi mantido
o tempo todo com um capuz e
que era alimentado uma vez
por dia com sanduíches. O advogado, que acredita ter passado por dois cativeiros, também
disse não saber por que foi alvo
do seqüestro, uma vez que, disse, sua família não tem posses.
Ricardo é candidato a deputado estadual pelo PFL e disse
ontem que não vai desistir da
disputa eleitoral.
Seqüestro
Ricardo foi seqüestrado em
19 de julho, por volta das 20h,
quando jantava com o assessor
Irval Gimenes, a mulher e a filha em uma lanchonete ao lado
de seu comitê eleitoral, na avenida Guilherme Cotching.
Segundo o assessor, eles
eram os únicos clientes da lanchonete quando cinco homens
armados entraram e anunciaram um assalto. Todos foram
levados para o banheiro, inclusive o dono da lanchonete e o
garçom. "Eles disseram ao Ricardo: "Você vem com a gente.'"
O vereador contou que estava falando ao celular com o filho no momento em que os seqüestradores entraram na lanchonete. "O bandido tirou o celular da mão dele, e eu fui voando para a Vila Maria", lembra.
Mutran foi até a lanchonete,
e depois à polícia. "Eu ainda estava na delegacia quando os seqüestradores ligaram no meu
celular. Eles pediram R$ 3 milhões para liberar meu filho e
me deram quatro dias para
conseguir o dinheiro."
No quarto dia, segundo o vereador, o mesmo seqüestrador
fez novo contato. "Eu disse que
só tinha R$ 7.000 e ele desligou
o telefone na minha cara." O
terceiro e último telefonema
ocorreu no dia 6 de agosto,
quando um outro homem ligou
e perguntou se ele estava com o
"peixe na mão", isto é, o dinheiro. O vereador disse que só tinha R$ 21 mil e a conversa foi
encerrada novamente. "Depois, eles não ligaram mais."
O vereador acredita que os
seqüestradores soltaram o filho
porque a polícia "estava chegando perto deles". A polícia
diz já ter pistas dos suspeitos.
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