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Protesto de cardiologistas deixa 75 em fila por cirurgia
Em Fortaleza, médicos se recusam a operar em quatro hospitais conveniados ao SUS
Descontigenciamento de R$ 2 bilhões, que deve ser destinado na maior parte
para a crise da saúde no NE, foi anunciado pelo governo
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
A recusa de 25 cardiologistas
em fazer cirurgias em quatro
hospitais privados conveniados
ao SUS (Sistema Único de Saúde), em Fortaleza, agravou o
problema de pacientes que esperam ser operados no maior
hospital público especializado
em cirurgia cardíaca no Ceará.
Segundo a direção do Hospital de Messejana, havia ontem
75 pessoas à espera de cirurgia.
No hospital, os mesmos médicos (que fazem parte de uma
cooperativa, a Coopcardio) que
pararam de atender nos outros
locais mantiveram o atendimento no Messejana porque o
governo do Estado complementa os valores pagos pelo
SUS. Segundo o diretor técnico
do hospital, Olavo Magalhães, a
cada mês, o SUS paga R$ 1,8 milhão em procedimentos. O governo do Estado aporta R$ 400
mil, em média.
A paralisação nas demais instituições, no entanto, se refletiu na fila do hospital público.
Internada desde 18 de julho
com um problema congênito
no coração, Cícera Carvalho,
26, é uma das pacientes à espera. Ela já teve sua cirurgia de
troca de válvula no coração desmarcada algumas vezes. Sua cirurgia foi desmarcada porque
em seu lugar tiveram de ser
atendidos pacientes de emergência, com risco de morte.
Normalmente, o Hospital de
Messejana faz 80 cirurgias cardíacas por mês, mas, como a demanda é maior do que esse número, envia mais 50 pacientes
para outros quatro hospitais de
Fortaleza credenciados ao SUS.
"O hospital atende sempre
na sua capacidade máxima,
mas com a paralisação dos hospitais credenciados, há um congestionamento das cirurgias,
especialmente das eletivas
[com data marcada]", disse o
diretor técnico do hospital,
Olavo Magalhães.
Os cardiologistas, ao lado dos
anestesistas que prestam serviços nesse tipo de cirurgia, pararam de atender pacientes do
SUS em hospitais credenciados
desde o dia 1º de julho.
Ontem, representantes dos
médicos se reuniram com
membros das secretarias municipal e estadual da Saúde,
mas não houve acordo. Os médicos só admitiram voltar a
atender casos de emergência
nos hospitais privados.
A principal reivindicação dos
médicos -e dos donos de hospitais privados- é um reajuste
da tabela paga pelo SUS pelos
procedimentos cirúrgicos.
Ontem, o Ministério da Saúde anunciou o descontigenciamento de R$ 2 bilhões do seu
orçamento, principalmente para atender à crise do setor de
saúde no Nordeste.
Nas últimas semanas os Estados de Alagoas, Pernambuco
e Paraíba enfrentaram greves e
pedidos de demissões em massa de médicos da rede pública.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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