São Paulo, sexta-feira, 28 de agosto de 2009

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POTIRA BESERRA XAVIER CORTEZ (1947-2009)

A empresária que deixou uma legião de filhos órfãos

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em seus 62 anos de vida, Potira Cortez teve três filhas, mas foi mãe de muitos outros. Ajudou tanta gente que foi apelidada de "mãezona". Da própria mãe, porém, Potira se separou cedo: com 16, deixou Joaçaba (SC), onde nasceu, para morar com a irmã em Osasco (Grande SP). Aos 23, casou-se com José -que havia conhecido no casamento de um primo em comum. Logo nasceram Mara, 38, Márcia, 35, e Miriam, 31.
Mas a família não estava completa. Vez ou outra, aparecia um "novo integrante". Quando, em 1980, Potira e o marido montaram a Cortez Editora, os dez funcionários trazidos da cidade natal de José, no Rio Grande do Norte, foram morar na casa da família, em Perdizes (zona oeste de São Paulo). E lá eles ficaram por dois anos.
"Minha mãe sempre achou que tinha que ajudar todo mundo", conta Mara. Os entregadores de comida comemoravam: a caixinha que Potira dava a eles era do valor da pizza. No supermercado, tinha briga para decidir quem faria entrega. "Vinham quatro pessoas, e ela dava dinheiro para todos", diz a filha. No último sábado, a empresária morreu, vítima de complicações de uma hérnia.
Depois da morte, a filha mais velha descobriu que, escondida, ela ajudava três instituições de caridade e pagava as prestações da geladeira de um funcionário da editora. Deixou o marido, três filhas e uma legião de órfãos. A missa de sétimo dia será hoje, às 20h, na capela da PUC-SP, em Perdizes.

coluna.obituario@uol.com.br


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