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POTIRA BESERRA XAVIER CORTEZ (1947-2009)
A empresária que deixou uma legião de filhos órfãos
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seus 62 anos de vida,
Potira Cortez teve três filhas,
mas foi mãe de muitos outros.
Ajudou tanta gente que foi
apelidada de "mãezona".
Da própria mãe, porém, Potira se separou cedo: com 16,
deixou Joaçaba (SC), onde
nasceu, para morar com a irmã em Osasco (Grande SP).
Aos 23, casou-se com José
-que havia conhecido no casamento de um primo em comum. Logo nasceram Mara,
38, Márcia, 35, e Miriam, 31.
Mas a família não estava
completa. Vez ou outra, aparecia um "novo integrante".
Quando, em 1980, Potira e o
marido montaram a Cortez
Editora, os dez funcionários
trazidos da cidade natal de
José, no Rio Grande do Norte,
foram morar na casa da família, em Perdizes (zona oeste
de São Paulo). E lá eles ficaram por dois anos.
"Minha mãe sempre achou
que tinha que ajudar todo
mundo", conta Mara.
Os entregadores de comida
comemoravam: a caixinha
que Potira dava a eles era do
valor da pizza. No supermercado, tinha briga para decidir
quem faria entrega. "Vinham
quatro pessoas, e ela dava dinheiro para todos", diz a filha.
No último sábado, a empresária morreu, vítima de complicações de uma hérnia.
Depois da morte, a filha
mais velha descobriu que, escondida, ela ajudava três instituições de caridade e pagava
as prestações da geladeira de
um funcionário da editora.
Deixou o marido, três filhas
e uma legião de órfãos. A missa de sétimo dia será hoje, às
20h, na capela da PUC-SP, em
Perdizes.
coluna.obituario@uol.com.br
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