São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2011

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GOIANDIRA AYRES DO COUTO (1915-2011)

Pintou telas com a areia de Goiás

ANDRESSA TAFFAREL
DE SÃO PAULO

Os primeiros traços que Goiandira do Couto desenhou enfeitavam lencinhos de tecido, toalhas e caminhos de mesa. Com o tempo, passou a pintar também telas a óleo, assim como sua mãe.
Um dia de 1967, porém, Goiandira acordou dizendo que havia sonhado que deveria construir casas de areia -se perguntava até se não havia sido um "pedido".
Só uma ideia lhe veio à cabeça: "Pintarei casas com areia", anunciou à família.
A matéria-prima ela buscou na serra Dourada, em Goiás, sua terra natal. A areia branca, geralmente já fininha, ia direto para as telas.
Os grãos coloridos, encontrados em torrões, passavam pela peneira antes de se tornarem obras de arte. Jamais usou areia de outros lugares -nem tingidas artificialmente-, garante a irmã Isabel.
Goiandira patenteou a invenção, que ela dizia ser "bem simples": riscar o desenho na tela, passar a cola e salpicar a areia com os dedos.
Prima da poetisa Cora Coralina, também gostava muito de ler e escrever. Além de artista plástica, foi professora. Chegou a ser discriminada por dar aulas em um quartel e pegar na mão dos soldados para ensiná-los as primeiras letras. Como reconhecimento pelo seu trabalho, ganhou a patente de tenente.
Morreu na segunda-feira (22), aos 95, de falência múltipla dos órgãos. Solteira, não deixa filhos. Foi enterrada com honras militares em Cidade de Goiás, onde passou quase toda a sua vida.
Hoje haverá duas missas do sétimo dia: uma na cidade (às 8h, na igreja do Rosário) e outra em Goiânia (às 19h, na catedral Metropolitana).

coluna.obituario@uol.com.br


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