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CRISE
Prefeitura diz que acordo permite pagar servidores em dia e suspender protestos; renegociação emperra
Banco do Brasil desbloqueia conta e SP ganha fôlego para pagar salários
SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local
O desbloqueio da conta da Prefeitura de São Paulo no Banco do
Brasil deve interromper a onda de
protestos que tomou conta da cidade durante esta semana. A liberação dos recursos foi informada
ontem ao município e confirmada pelo Banco do Brasil.
Ela aconteceu porque o banco
aceitou como garantia de pagamento de débitos atrasados da
prefeitura o protocolo de renegociação da dívida mobiliária (em
títulos) que o município assinou
com a União na sexta-feira da semana passada.
A prefeitura tem R$ 8,9 bilhões
de dívida mobiliária. Nela estão
somados R$ 230 milhões que ela
pegou como ARO (Adiantamento de Recursos Orçamentários)
no Banco do Brasil e não pagou.
Pelo protocolo, a União se dispõe a trocar os títulos da prefeitura por títulos do governo federal.
A União passará a honrar os títulos no mercado, e a prefeitura
contrairá uma dívida com a
União -pagando em um prazo
mais longo e a juros mais baixos.
Com o desbloqueios da conta,
segundo a prefeitura, os 140 mil
servidores municipais receberão
em dia seus salários e vales-refeição -R$ 220 milhões que devem
ser pagos na terça.
O prefeito Celso Pitta (sem partido) já havia dito que não teria
caixa para fazer os pagamentos se
a conta bancária do município
permanecesse bloqueda. Os servidores prometiam protestar.
Com a liberação dos recursos
retidos, os empresários de ônibus
também poderão conseguir empréstimos para saldar os R$ 9,3
milhões em vales, devidos na terça, a motoristas e cobradores.
Os bancos estavam se recusando a liberar o dinheiro afirmando
que uma confissão de débito assinada pela prefeitura não teria valor enquanto o município estivesse com problemas com o Banco
do Brasil.
Negociação emperrada
Mas o protocolo, que permitiu
que a prefeitura respire na próxima semana, ainda não garantiu a
assinatura do refinanciamento da
dívida de R$ 8,9 bilhões.
A assinatura estava prevista para ontem, mas não houve acordo
sobre a legalidade das emissões
feitas para o pagamento de dívidas judiciais -precatórios.
O prefeito Pitta diz que as emissões foram regulares e quer convencer o Tesouro Nacional a refinanciar toda a dívida no prazo de
30 anos, com juros de 6% ao ano.
Mas o Departamento da Dívida
Pública do Banco Central possui
um atestado do TCM (Tribunal
de Contas do Município) que
aponta que 77% da dívida é irregular -não foram usados para
saldar débitos judiciais.
Por esse documento, somente
23% dos R$ 8,9 bilhões poderiam
ser refinanciados em 30 anos. O
resto, teria que ser pago em dez.
Ontem, procuradores do Ministério da Fazenda se reuniram em
São Paulo com o secretário municipal de Governo, Carlos Augusto
Meinberg, e o secretário municipal das Finanças, José Antônio de
Freitas. Eles voltaram para Brasília com os contra-argumentos da
prefeitura, que devem ser avaliadas pelo ministro Pedro Malan.
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