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JUSTIÇA
Sepúlveda Pertence diz, em congresso no RS, que há um quadro de "falência da pena de prisão" no país
Ministro do STF defende redução de pena
SILVANA DE FREITAS
enviada especial a Gramado
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
O ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Sepúlveda Pertence afirmou ontem que no país
há um quadro de "falência da pena de prisão" e disse que existe
uma "crença ingênua" na força
dessa punição para solução do
problema penal.
Ele afirmou que concorda com
as propostas do ministro José
Carlos Dias (Justiça) de redução
da lista de delitos puníveis com a
prisão e de revogação da lei de crimes hediondos, mas as considerou de difícil aprovação pelo Congresso.
"Creio que não será fácil a aprovação de uma proposta como essa, porque os demagogos têm
predileção por explorar as crenças populares de que a multiplicação das hipóteses de crimes e o
agravamento das penas resolvem
o problema."
Segundo Pertence, a pretensão
de solucionar o problema da segurança por essas duas medidas é
"uma falácia". Ele deu essas declarações na abertura do 16º Congresso Brasileiro de Magistrados,
em Gramado (RS).
O ministro classificou de demagógicas as leis penais brasileiras
que tratam dos crimes hediondos
e de colarinho branco (contra o
sistema financeiro nacional).
Ele criticou a lei de crimes hediondos, de 1990, pelo fato de ela
proibir a progressão de regime
-por exemplo, a mudança de regime fechado para semi-aberto.
Estão na categoria de hediondos
os crimes de tráfico de drogas, sequestro, latrocínio, terrorismo e
tortura, entre outros. O ministro
do STF Marco Aurélio de Mello
também defendeu que condenados por crime hediondo não tenham de cumprir toda a pena em
regime fechado.
Para o ministro José Carlos
Dias, o condenado por crime hediondo pode estimular rebeliões.
"Ele tem de cumprir um terço da
pena em regime fechado. Se torna
um um insuflador de motins, de
rebeliões, porque não tem a perspectiva de liberdade."
Dias defende a aplicação do direito penal mínimo, ou seja, colocar na prisão criminosos que representem perigo à sociedade.
Questionado se o Congresso está preparado para discutir as mudanças propostas no código penal, respondeu: "É possível que
não. Eu não tenho a pretensão de
convencer a todos. O que eu quero é a discussão, o debate."
Silvana de Freitas viajou a convite da Associação dos Magistrados Brasileiros
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