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Promotor investiga "zelador de rua"
da Reportagem Local
O Ministério Público irá investigar as milícias antimiséria pagas
por comerciantes e moradores do
centro de São Paulo para expulsar
mendigos de ruas e praças.
O promotor da Cidadania Luiz
Salles Nascimento quer identificar e convocar as empresas que
prestam esse tipo de serviço na cidade para audiência.
"De imediato, vamos tentar a
assinatura de um termo em que
elas se comprometem a suspender esse trabalho, sob pena de
multa diária", disse.
A ação dos "zeladores de ruas",
como se autodenominam os
agentes que expulsam os mendigos, foi denunciada ontem pela
Folha.
"Se todos adotarem essa medida, os moradores de rua de São
Paulo serão obrigados a viver em
guetos", disse.
De acordo com o promotor, a
expulsão fere o direito de livre locomoção e circulação garantido
pela Constituição.
O promotor também vai verificar se houve crime na forma como que a população de rua foi retirada pelos seguranças.
Mendigos ouvidos pela Folha
disseram que foram ameaçados,
mas não registraram queixa na
polícia.
Trabalho
Os zeladores de rua são, em geral, ex-seguranças particulares
que ganham salário de R$ 350
mensais para impedir a presença
de mendigos em praças ou calçadas públicas.
O perímetro vigiado é definido
segundo a adesão dos moradores
e comerciantes da região incomodados com a vizinhança.
Existem quatro locais onde funciona o plano particular antimendicância: avenida São João, Arouche, Santa Cecília e Higienópolis.
Na semana passada, a Folha localizou os moradores de rua expulsos desses locais instalados na
praça da República e nas avenidas
fora dos limites de vigilância.
"Se nós moramos em um lugar,
temos o direito de zelar pelo nosso espaço e isso não é ilegal", disse
José Luiz Braz, 46, um dos sócios
da Conviver. Ele afirmou ter se
inspirado em empresas do Canadá para montar o negócio.
Donos da Conviver negaram o
uso da violência para lidar com os
mendigos. Segundo eles, há apenas conversa.
A Corregedoria da Polícia Militar também irá investigar a ação
das empresas de zeladoria por
causa do envolvimento de policiais nesse tipo de atividade.
A Conviver, empresa recém-criada e que atua há quatro meses
no centro de São Paulo, tem dois
policiais militares como sócios.
Os policiais são impedidos de
fazer ""bicos", ou seja, não podem
ser dirigentes de empresas, somente investidores.
(ALESSANDRO SILVA)
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