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INVESTIGAÇÃO
Justiça Eleitoral e Polícia Federal vão apurar distribuição de folhetos com documento a ser assinado pelos fiéis
Evangélico exige garantia de voto em MG
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Nove evangélicos
candidatos a vereador em oito cidades
de Minas Gerais
vão ser investigados pela Justiça
Eleitoral e pela Polícia Federal.
Eles são suspeitos de utilizar na
campanha folhetos de propaganda onde exigem a garantia de voto
do eleitor.
Os folhetos -que foram entregues anonimamente ao Ministério Público do Estado, no último
dia 17- contêm foto do candidato, nome, número, partido e a frase "fé para mudar". Cada um traz
mais 12 páginas iguais, com o título "compromisso de voto".
O eleitor tem de preencher nome, endereço, número do título
de eleitor, da seção e da zona de
votação. Logo abaixo, há a frase
"comprometo-me a votar no candidato pastor (nome do candidato)" e um espaço para assinatura.
Todos os suspeitos são ligados à
Igreja Universal do Reino de Deus
(do bispo Edir Macedo). Seis são
do PL, um do PMDB, outro do
PFL e um do PSL.
Os promotores eleitorais Rômulo de Carvalho Ferraz e Antônio Sérgio Tonet enviaram representação à Comissão de Fiscalização da Propaganda Eleitoral pedindo que se determine a apreensão do material. Solicitaram ainda
à Polícia Federal a abertura de inquérito criminal.
"O inusitado compromisso, a
par de se constituir em uma forma vil e repugnante de exploração
do sentimento de religiosidade de
seus fiéis, está a denotar uma clara
afronta à liberdade de voto desses
mesmos fiéis, posto que não é difícil de imaginar quais coações estão sujeitos a sofrer nesse contexto", diz o texto da representação.
O documento foi redigido com
base no artigo 301 do Código Eleitoral, que proíbe o "uso da violência ou grave ameaça para coagir
alguém a votar ou não votar em
determinado candidato ou partido". A pena prevista é de até quatro anos de cadeia, mais multa.
Segundo os promotores, com o
número da seção e da zona, os
candidatos podem conferir se foram bem ou mal votados em locais onde há muitos fiéis.
Os promotores disseram suspeitar que os folhetos tinham cópias para que os fiéis procurassem
mais 11 eleitores que também
preenchessem o documento.
Apenas uma candidata, a vereadora Maria Helena Alves Soares
(PFL), que tenta a reeleição, é de
Belo Horizonte. Os demais investigados são do interior do Estado:
Carlos Pereira da Silva (PL/Uberaba), Edgar João da Silva (PSL/
Contagem), Edvan Ferreira de
Araújo (PL/Betim), João Oliveira
Lemos (PL/Ribeirão das Neves),
José Antônio Leandro (PL/Uberlândia), Luiz Alberto Almeida
Monteiro (PMDB/Contagem),
Morgana Antônia de Faria Reis
(PL/Santa Luzia) e Rosevaldo Oliveira Nascimento (PL/Governador Valadares).
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