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EDUCAÇÃO
Com base em exame internacional, pesquisa mostra que desempenho de estudantes mais ricos é inferior ao de outros países
Elite brasileira perde em ranking do ensino
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Não é apenas a educação pública no Brasil que apresenta resultados muito inferiores à média de
países desenvolvidos. O desempenho dos alunos da elite brasileira
no ensino fundamental também
está muito abaixo dos padrões internacionais de países mais ricos
ou em desenvolvimento.
Estudo do pesquisador Creso
Franco, da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, mostra que os alunos mais
ricos do Brasil têm desempenho
inferior ao dos estudantes das
classes mais altas de outros países.
O estudo, divulgado pelo Iets
(Instituto de Estudos do Trabalho
e Sociedade), tem como base as
notas dos melhores alunos de cada país nos resultados do Pisa
(Programa Internacional de Avaliação de Alunos).
Nessa avaliação, apenas 21%
dos alunos da elite brasileira conseguiram notas que os colocavam
nos dois níveis mais avançados de
aprendizado, o que indica que
conseguem ler e interpretar textos
e gráficos com níveis mais avançados de complexidade.
O resultado é muito inferior ao
encontrado entre as elites dos outros sete países pesquisados:
França (57%), Coréia do Sul
(55%), Estados Unidos (53%),
Portugal (48%), Espanha (46%),
Rússia (33%) e México (27%).
"Na área da educação, o lado
Bélgica do Brasil não existe. Se
existe, é bem menor do que uma
Bélgica", afirmou Franco, fazendo uma referência à frase do economista Edmar Bacha que comparava o Brasil a uma "Belíndia",
mistura de Bélgica com Índia. Isso
porque uma pequena parcela da
população vive com indicadores
comparáveis aos de um país rico,
enquanto uma grande maioria vive em condições semelhantes às
de nações muito pobres.
Para chegar a essa conclusão,
Franco comparou as notas dos estudantes que representam a fatia
dos 7% mais ricos de países considerados "emergentes", como Brasil e México, com o desempenho
dos alunos que representam a fatia dos 25% mais ricos nos países
desenvolvidos, como Coréia do
Sul e EUA.
A fatia da elite no Brasil é menor
para que seja possível comparar
os mesmos grupos socioeconômicos, pois em países desenvolvidos há mais pessoas com padrões
de vida elevado do que nos países
pobres ou em desenvolvimento.
Como o estudo de Franco compara só a elite brasileira, o perfil
dos alunos é de classe média ou
alta, que estuda em escolas particulares e que tem acesso a bens
como computadores conectados
à internet. Ou seja, são os estudantes preparados nas melhores
escolas brasileiras.
"Isso mostra que algo de muito
errado parece estar acontecendo
com a educação aqui. E o problema agora não está na repetência,
na escola pública ou na qualidade
oferecida para a maioria dos jovens. Com as exceções de praxe, a
boa escola brasileira não é uma
boa escola no mundo globalizado", afirmou Franco.
A secretária-executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Castro, afirma que o Pisa revela que a distância entre os estudantes mais ricos do Brasil e dos
outros países é ainda maior do
que a distância entre as notas de
alunos pobres daqui e de fora.
"Os alunos de baixa renda do
Brasil têm um desempenho mais
equilibrado com a média dos demais países do que os de alta renda", disse Maria Helena.
Mas, quando são analisados
apenas os estudantes brasileiros
de mais alto nível socioeconômico com os de menor no Brasil, o
resultado continua favorável aos
mais ricos.
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