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ENERGIA
Falha na usina de Xingó provocou suspensão de fornecimento na manhã de ontem; no Maranhão, só uma empresa foi afetada
Apagão atinge os nove Estados do Nordeste
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um apagão atingiu parcialmente os nove Estados da região Nordeste na manhã de ontem. De
acordo com o ONS (Operador
Nacional do Sistema Elétrico), às
10h38 houve uma falha técnica na
usina hidrelétrica de Xingó, localizada no rio São Francisco, entre
os Estados de Alagoas e Sergipe.
Por causa da falha, a usina foi desligada e o Nordeste ficou sem 40%
de sua carga de energia para o horário, o que equivale a 2.840 MW
(megawatts).
Ainda de acordo com informações do ONS, as linhas de transmissão que ligam as regiões Sudeste e Norte ao Nordeste também foram desligadas por razões
de segurança.
O fornecimento começou a se
restabelecer às 10h44, quando a
Alumar (produtora de alumínio
instalada no Maranhão) voltou a
ter energia. Às 11h40, todos os
consumidores residenciais e industriais já tinham energia e, às
13h50, todos os consumidores industriais tiveram o fornecimento
normalizado.
Segundo o ONS, nem todas as
cidades nordestinas foram atingidas pelo blecaute. Foi acionado
um mecanismo de segurança que
corta o fornecimento de energia
em algumas áreas para que não
haja falta de luz em locais considerados prioritários.
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) encaminhou um
ofício à Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco, estatal federal responsável pela usina hidrelétrica de Xingó) para apurar
as causas da falha. A estatal tem 24
horas para responder ao ofício.
De acordo com informações do
ONS e da Chesf, houve uma falha
mecânica em uma subestação da
usina -subestação é um equipamento que transfere energia entre
redes de tensões diferentes.
Até o início da noite de ontem,
porém, a Chesf não havia explicado que tipo de falha ocorreu. A
Aneel e o ONS não souberam informar quantas pessoas e cidades
foram afetadas pelo apagão.
Segundo a Chesf, pelo menos
50% dos consumidores da região
ficaram sem energia entre as
10h37 e as 11h32.
O diretor de operação da empresa, Mozart Bandeira Arnaud,
51, afirmou que as cidades do interior foram mais afetadas do que
as capitais. No Maranhão, apenas
a empresa Alumar teve o fornecimento interrompido -quase toda a energia consumida pelo Estado é fornecida pela Eletronorte.
Na Bahia, a pane deixou completamente sem energia a região
da Chapada Diamantina, além de
municípios como Alagoinhas,
Bom Jesus da Lapa, Barreiras e
Guarajuba (litoral). Foram atingidos parcialmente dois bairros da
periferia de Salvador (Periperi e
Paripe), além do Pólo Petroquímico de Camaçari, na região metropolitana da capital baiana.
Efeitos
Alagoinhas, a 108 km de Salvador, foi uma das cidades mais prejudicadas pelo blecaute. No Hospital e Maternidade Alagoinhas, o
maior do município, o gerador foi
acionado cinco minutos após a
pane. "Foi uma correria total",
disse a assistente social Lierge
Freitas Mota, 30.
Em Petrolina (PE) e Juazeiro
(BA), policiais militares foram
acionados para disciplinar o trânsito -com o apagão, todos os semáforos deixaram de funcionar.
"O trânsito ficou lento, as pessoas
perderam a paciência", disse o
aposentado José Ferreira Guimarães, 64.
Em Pernambuco, o blecaute
trouxe um prejuízo de R$ 58 mil à
Celpe (Companhia Energética de
Pernambuco). O valor corresponde ao que a empresa deixou de faturar com o não-consumo de 293
MW/h de energia durante o período do apagão.
O corte no fornecimento de
energia atingiu 32 dos 185 municípios pernambucanos. Segundo a
Celpe, 3.356.482 pessoas vivem
nas localidades afetadas -o equivalente a aproximadamente 45%
da população do Estado.
Entre os municípios atingidos
estão cidades-pólos regionais, como Petrolina e Serra Talhada, no
sertão, Garanhuns e Arcoverde,
no Agreste, e parte da região metropolitana de Recife.
Em Fortaleza (CE), a queda da
energia foi sentida apenas em alguns bairros e durou cerca de dez
minutos -isso porque a principal subestação distribuidora de
energia para a cidade, a Delmiro
Gouveia, não teve problemas.
Em Natal (RN), segundo a Polícia Militar, os transtornos ficaram
por conta de pequenos acidentes
e trânsito complicado em parte da
região central da cidade.
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