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Relatos revelam
que dor começa antes da morte
DA SUCURSAL DO RIO
O trauma na vida das vítimas
ocultas da violência começa
antes mesmo da morte de um
familiar ou amigo. Elas sofrem
quando têm uma pessoa querida viciada em drogas, na emergência dos hospitais para conseguir atendimento para algum
parente ou quando precisam
reconhecer o corpo. Leia a seguir relatos colhidos na pesquisa de Gláucio Soares.
D. teve o filho morto por PMs
em São João de Meriti. Mas seu
drama começou antes, ao descobrir que ele era viciado em
drogas. O adolescente de 16
anos fugiu de casa, temendo a
reação do pai. Ficou um ano e
meio desaparecido.
Quando houve o reencontro,
o rapaz disse que estava trabalhando. D. o ameaçou.
"Se vir você no meio de bandidos, vou te manter dentro de
casa. Porque, se um dia você
for preso, vai dizer que eu sou
seu pai e eu vou desmentir."
Uma semana após o encontro, D. descobriu que o filho fora morto por PMs e enterrado
como indigente. "Não cheguei
a vê-lo. Os PMs o enterraram
porque não sabiam quem ele
era, nem procuraram saber
quem era o pai ou a mãe."
Em 1995, Z. perdeu o irmão
em assalto a um ônibus e passou a ter trauma. Z. não morava no Rio e, quando se mudou
para lá, não podia ver um ônibus. "Eu começava a chorar."
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