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SAÚDE
Segundo a prefeitura, hospital não tinha convênio com o SUS e atividades filantrópicas eram só 3% do faturamento bruto
Samaritano descumpre lei e perde benefício
ALEXSSANDER SOARES
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo suspendeu os benefícios de isenção
fiscal concedidos ao Hospital Samaritano desde 1958 ao cancelar,
ontem, o título de utilidade pública da instituição. O hospital, localizado em Higienópolis (centro de
SP), foi a primeira instituição privada no setor a ser fundada na cidade, com 111 anos de atividade.
A decisão ocorreu após técnicos
da Secretaria Municipal de Saúde
constatarem que a entidade não
tinha convênio com o SUS e suas
atividades filantrópicas representarem apenas 3% do faturamento
bruto. A legislação federal obriga
que as instituições de saúde destinem anualmente, no mínimo,
60% de seus serviços ao SUS.
A assessoria de imprensa do Samaritano reconheceu que a entidade não cumpre a cota de atendimento mínimo ao SUS, mas alega que o problema é causado por
burocracia do próprio sistema.
O Hospital Cruz Azul de São
Paulo, que atende exclusivamente
aos dependentes dos policiais militares, também perdeu o título
concedido desde 1969. A diretoria
da entidade informou que ficou
surpresa com a medida. O hospital, inaugurado em 1935, sempre
foi uma entidade classista.
A revogação dos decretos publicada no "Diário Oficial da Cidade" acaba com a possibilidade de
isenção tributária concedida para
as entidades. O título de "utilidade pública municipal" permitia a
isenção de impostos, como o ISS
(Imposto Sobre Serviços) e o
IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). O principal impacto
financeiro, entretanto, ocorrerá
com o fim da isenção para recolhimento do INSS por parte do
empregador. Os hospitais não
souberam informar ontem qual
será o impacto causado pelo fim
das isenções tributárias.
O secretário municipal de Governo, Aloysio Nunes Ferreira,
afirmou que a revogação dos títulos faz parte da "rotina administrativa da prefeitura, já que as instituições não cumpriram as exigências legais após a avaliação
realizadas por técnicos da Secretaria de Saúde".
A administração ainda tentou
consultar a Secretaria Municipal
de Assistência Social para manter
o título de utilidade pública do
Hospital Cruz Azul, mas não houve sucesso após a constatação de
que não existiam serviços de assistência social abertos ao público
na instituição.
O secretário de Governo ressaltou que a cada três anos existe
uma avaliação nas entidades beneficiadas com o título de utilidade pública municipal e que a atual
administração vai obrigar o cumprimento da lei. "As entidades
têm de obedecer a legislação para
conseguir e manter a qualificação
de utilidade pública e mesmo as
que perderam podem voltar a requisitá-las após cumprirem as
exigências legais. Esperamos que
as entidades com títulos de utilidade pública sejam nossas parceiras em políticas públicas", disse
Nunes Ferreira.
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