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Alunos de escola de lata e de CEU têm desempenho igual
Levantamento foi feito com base nas notas obtidas pelos estudantes na Prova Brasil
Para educadores,
comparação mostra que,
além de infra-estrutura, é
necessário investir em
projeto pedagógico
DANIELA TÓFOLI
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O desempenho dos alunos
que estudaram nas improvisadas escolas de lata da cidade de
São Paulo é praticamente o
mesmo dos matriculados nos
CEUs, centros educacionais
que custaram em média R$ 17
milhões e possuem uma infra-estrutura diferenciada, com bibliotecas, teatro e laboratórios.
Levantamento feito pela Folha com base na Prova Brasil
(exame promovido pela União)
aponta que a diferença das médias dos estudantes dos dois
modelos ficou em cerca de 2%,
em favor dos CEUs. A diferença, segundo os próprios organizadores da prova, que abrange
matemática e português, é estatisticamente irrelevante.
Nos CEUs, a média em língua
portuguesa foi de 162,74, contra 159,02 nas de lata (variação
de 2,28%). Em matemática, as
notas foram, respectivamente,
169,37 e 165,45 (variação de
2,31%). A média da rede pública
também é similar (160,42 em
português e 166,86 em matemática). Os exames foram aplicados à quarta série do ensino
fundamental. As notas variam
de zero a 325 (português) e zero
a 350 (matemática).
Para educadores, os dados
mostram que a qualidade do
ensino municipal é baixa -São
Paulo ficou em 21º no exame,
considerando as 26 capitais do
país e o Distrito Federal.
Abrangendo a rede pública, a
Prova Brasil foi aplicada pela
primeira vez em novembro de
2005, o que impede a comparação com períodos anteriores.
Consideradas o "inferno" por
esquentarem demais no verão,
serem frias no inverno e barulhentas quando chove, as escolas de lata foram feitas para
atender a demanda na gestão
Celso Pitta (hoje no PTB), mas
continuaram funcionando. A
Secretaria da Educação diz que
a última será desativada hoje.
Já os CEUs, apelidados de
"paraíso" por pais e alunos,
contam com salas de aula arejadas, piscinas e até pista de skate. Essas escolas, que começaram a funcionar em 2004 na
gestão Marta Suplicy (PT), têm
cursos de música e artes. Na
época, a oposição questionou
os gastos argumentando que
seria possível construir cerca
de dez escolas "normais" com
os recursos de um único CEU.
A reportagem entrevistou sete educadores para analisar os
dados do exame. Todos dizem
que a infra-estrutura é importante para o desenvolvimento
social das crianças, mas só o incentivo aos professores e uma
melhor organização pedagógica podem fazer diferença no
aprendizado dos alunos.
"A latinha é condenável, é
uma falta de dignidade. Mas esses números mostram que,
mais do que piscina ou teatro,
os alunos precisam de bons
professores", diz Ana Rosa
Abreu, do Instituto Sangari,
coordenadora dos parâmetros
curriculares nacionais.
O levantamento da Folha
abrangeu notas de 20 CEUs e
26 escolas de lata que funcionavam em novembro e cujos
cadastros eram os mesmos tanto no banco de dados da Prova
Brasil quanto da secretaria.
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