São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

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Justiça esvazia abrigo para deficientes mentais

Local, com 25 jovens, foi considerado "degradante"

REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Justiça de São Paulo determinou ontem a imediata retirada das 25 crianças e adolescentes deficientes mentais que estão abrigados provisoriamente em uma casa na Cidade Dutra, zona sul da capital. Para o Ministério Público Federal, o local está em "situação degradante que fere a dignidade humana".
Os jovens estão há dois meses sob a responsabilidade do Ceres (Centro de Reabilitação Sabará), entidade conveniada da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social. Em diligência realizada ontem à tarde, a procuradora Adriana da Silva Fernandes, constatou que a entidade abriga os jovens de forma precária.
"As 25 pessoas dormiam em três quartos em condições repugnantes, no chão ou em colchões finos, imundos. Os quartos tinham odor de urina e mofo. Os jovens estavam com roupas sujas e necessitavam de tratamentos odontológicos e de pele", disse a procuradora em nota. Segundo ela, todos dormem juntos, independentemente da idade ou do sexo.
A imprensa não teve acesso ao interior do abrigo. Da calçada, a reportagem verificou que alguns vidros da porta principal da casa estão quebrados, e cobertores protegem o espaço vazio. Vizinhos disseram que foram os próprios adolescentes que quebraram a porta.
"Como minha casa é geminada, eu ouço tudo. É muita gritaria. Os jovens batem nas paredes e ficam largados o dia todo", conta o webdesigner Alexandre Alves Crivelari, 46.
Em seu despacho, o juiz Iasin Issa Ahmed, da Vara da Infância e da Juventude da capital, determinou o afastamento imediato da coordenadora da entidade, identificada apenas como Maria Amélia, impedindo seu ingresso na casa ou qualquer ato vinculado ao abrigo.
O juiz também determinou que a secretaria mantenha a presença "diuturna" de um supervisor que fique na frente do abrigo "até que seja transferida a última criança". O local do novo abrigo não foi revelado.


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