São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2007

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Detento confessou as 2 mortes à polícia

Policiais investigam se Rosário, acusado de cometer o crime durante saída temporária do hospital, não agrediu mais pessoas

Questionado por jornalista se estava arrependido, acusado limitou-se a balançar a cabeça em sinal de afirmativo

Fotos Almeida Rocha/Folha Imagem
Ademir Oliveira do Rosário, 36, suspeito de violentar e assassinar dois irmãos de 13 e 14 anos


KLEBER TOMAZ
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia paulista afirma que o detento Ademir Oliveira do Rosário, 36, que confessou ter torturado e assassinado dois irmãos de 13 e 14 anos, atacou pelo menos outros 11 meninos. Todos os garotos, vítimas de atentado violento ao pudor, teriam sido agredidos em quatro das dez vezes em que o preso foi autorizado a deixar o hospital psiquiátrico onde estava preso.
Policiais também investigam se Rosário não agrediu ou até mesmo matou mais pessoas.
Os 11 meninos sobreviventes têm entre 9 e 17 anos e foram atacados na região onde ocorreu o duplo assassinato, na serra da Cantareira (zona norte). Seis deles apontaram o acusado como o homem que os agrediu. As demais vítimas ainda não fizeram o reconhecimento.
Rosário estava no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico 2 de Franco da Rocha (Grande SP) desde 19 de setembro de 2006 para cumprimento de desinternação progressiva.
A Secretaria da Administração Penitenciária não detalhou em que condições o preso obteve o benefício de deixar a unidade aos finais de semana. Ele, que já foi condenado por roubo, homicídio e atentado violento ao pudor, recebeu laudo de dois psiquiatras. Os laudos foram usados pela secretaria para obter a sua transferência de Taubaté -onde as saídas são proibidas- para Franco da Rocha.
Nesta última unidade, Rosário teve a primeira permissão para ficar o fim de semana com a família em 25 de novembro de 2006. A última foi em 21 de setembro. Um dia depois, segundo teria confessado à polícia, ele usou uma faca para matar os irmãos Josenildo José Ferreira de Oliveira, 13, e Francisco Ferreira de Oliveira Neto, 14.
O acusado, porém, não admitiu ter abusado dos 11 garotos. A polícia investiga se ele agia com a ajuda de alguém.
"Relatamos a cena do crime. Ele chorou e contou como os matou", disse o delegado Francisco Ielo Neto, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Rosário foi preso anteontem pela polícia após três jovens terem dito que foram atacados por ele no mesmo dia em que os meninos foram mortos -outras quatro mortes na região são investigadas. A Justiça decretou a prisão temporária do suspeito por 30 dias.
De acordo com a delegada Cíntia Tucunduva, do DHPP, Rosário tinha predileção por abordar garotos. Não costumava roubá-los, mas os forçava a praticar atos sexuais.
"A escolha era aleatória. Ele ficava numa pedra. Usava faca ou fingia usar uma para levar as vítimas a uma trilha. As despia e amarrava suas mãos com cadarços. Abusava de um e cobria a cabeça dos demais com roupas", diz a delegada.
Tucunduva afirma que ele confessou ter matado os dois garotos porque teve alucinações e cometeu uma "bobeira". "Ele disse que leões e animais queriam pegá-lo", afirma a delegada. "Aí falou que dá a "bobeira" e desferiu as facadas no mais velho. Voltou para o outro e o matou e, depois, abusou sexualmente dele."
Mostrado à imprensa pela polícia, Rosário chorava. Questionado pelos repórteres se estava arrependido pelas mortes, limitou-se a balançar a cabeça em sinal de afirmativo. Ele ainda não constituiu advogado.


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