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Sobrado desaba, mata duas meninas e fere sete no Rio
No local, onde funcionava uma igreja, havia 16 crianças; morreram Sara Santos Cavalcante, 12, e Rafaela Lucena, 8
Imóvel passava por reforma que, segundo vizinhos, era feita de forma irregular; bombeiros continuaram as buscas durante a noite
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Um sobrado de três andares
-que passava por uma construção na cobertura- desabou
por volta das 19h30 de ontem
em Marechal Hermes, na zona
norte do Rio. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, o acidente matou ao
menos duas meninas e deixou
sete crianças feridas.
Entre as mortas no desabamento, estava Sara Santos Cavalcante, 12, filha do dono do
imóvel, o pastor Gilberto Cavalcante -que celebrava cultos
no local. Também morreu Rafaela Lucena, de oito anos.
Segundo moradores e comerciantes da rua Navarro da
Costa -local do acidente-,
moravam no sobrado que desabou o pastor e sua família. Sua
mulher, a professora conhecida
como Rosângela, costumava
dar aulas particulares de reforço para crianças de 8 anos a 14
anos no início da noite -horário em que ocorreu o acidente.
Ela se feriu e foi levada para
um hospital. Havia 16 crianças
no prédio na hora do acidente.
Quatro faltaram às aulas.
No sobrado, onde funcionava
a igreja Metodista da Fé, estava
sendo realizada uma obra de
ampliação para a construção de
mais um andar, além de uma
piscina na cobertura.
"A prefeitura já tinha condenado a obra", contou a dona de
casa Lucineide da Silva, 28, que
presenciou o acidente. "A parte
de cima deu três estalos e algumas crianças começaram a correr. Logo depois desabou tudo."
A dona-de-casa Daniele Igreja, 28, conseguiu salvar as duas
filhas gêmeas, de sete anos
-Larissa e Natália -que havia
acabado de deixar na aula. "Ouvi o estalo e corri. Pensei que
minhas filhas tinham morrido.
Cavei muito e consegui tirar as
duas lá de dentro", contou.
Robson de Paula, 30, cabo da
Marinha que estava num bar na
hora do desabamento, disse
que quase não deu tempo para
socorrer as crianças. "A casa
caiu de uma vez. Foi uma "muvucada" de gente para cima dos
escombros, mas só quando os
bombeiros chegaram, cerca de
15 a 20 minutos depois, é que
outras crianças foram sendo
retiradas", contou.
Três crianças com ferimentos leves foram levadas pelos
pais para o hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes.
Também foram levados feridos
para os hospitais Alberto
Schweitzer, em Realengo, e Getúlio Vargas, na Penha.
Alguns moradores contaram
que um pequeno avião da FAB
teria passado muito perto do
sobrado, que é antigo e, além de
passar por obras, estava em
más condições de conservação.
Eles diziam acreditar que o
deslocamento de ar pode ter
ajudado a provocar o acidente.
A rua, residencial e com algum
comércio, fica próxima à cabeceira da pista da base aérea militar de Campo dos Afonsos.
A Aeronáutica, no entanto,
afirmou desconhecer qualquer
situação de vôo fora da normalidade de seus aviões na região.
Um morador da vizinhança,
o motorista Roberto Luiz Moreira Gomes, 48, falou sobre as
condições da obra, que julgava
irregular. "Já estava para acontecer. Todo mundo na rua avisou, mas ninguém tomou providência. Eles usaram material
de péssima qualidade e pessoal
desqualificado na obra."
Bombeiros de Realengo,
Guadalupe, Campinho, Méier e
do quartel central foram para o
local, assim como várias ambulâncias. Aproximadamente 30
militares da base aérea vizinha
ajudaram nos trabalhos de resgate. A área foi isolada, mas segundo a Defesa Civil, não havia
risco de desabamento dos imóveis vizinhos. As buscas no local continuavam até o fechamento desta edição.
Colaboraram JANAINA LAGE , MALU TOLEDO e
PEDROA SOARES
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