São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2007

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Sobrado desaba, mata duas meninas e fere sete no Rio

No local, onde funcionava uma igreja, havia 16 crianças; morreram Sara Santos Cavalcante, 12, e Rafaela Lucena, 8

Imóvel passava por reforma que, segundo vizinhos, era feita de forma irregular; bombeiros continuaram as buscas durante a noite

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Um sobrado de três andares -que passava por uma construção na cobertura- desabou por volta das 19h30 de ontem em Marechal Hermes, na zona norte do Rio. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, o acidente matou ao menos duas meninas e deixou sete crianças feridas.
Entre as mortas no desabamento, estava Sara Santos Cavalcante, 12, filha do dono do imóvel, o pastor Gilberto Cavalcante -que celebrava cultos no local. Também morreu Rafaela Lucena, de oito anos.
Segundo moradores e comerciantes da rua Navarro da Costa -local do acidente-, moravam no sobrado que desabou o pastor e sua família. Sua mulher, a professora conhecida como Rosângela, costumava dar aulas particulares de reforço para crianças de 8 anos a 14 anos no início da noite -horário em que ocorreu o acidente.
Ela se feriu e foi levada para um hospital. Havia 16 crianças no prédio na hora do acidente. Quatro faltaram às aulas.
No sobrado, onde funcionava a igreja Metodista da Fé, estava sendo realizada uma obra de ampliação para a construção de mais um andar, além de uma piscina na cobertura.
"A prefeitura já tinha condenado a obra", contou a dona de casa Lucineide da Silva, 28, que presenciou o acidente. "A parte de cima deu três estalos e algumas crianças começaram a correr. Logo depois desabou tudo."
A dona-de-casa Daniele Igreja, 28, conseguiu salvar as duas filhas gêmeas, de sete anos -Larissa e Natália -que havia acabado de deixar na aula. "Ouvi o estalo e corri. Pensei que minhas filhas tinham morrido. Cavei muito e consegui tirar as duas lá de dentro", contou.
Robson de Paula, 30, cabo da Marinha que estava num bar na hora do desabamento, disse que quase não deu tempo para socorrer as crianças. "A casa caiu de uma vez. Foi uma "muvucada" de gente para cima dos escombros, mas só quando os bombeiros chegaram, cerca de 15 a 20 minutos depois, é que outras crianças foram sendo retiradas", contou.
Três crianças com ferimentos leves foram levadas pelos pais para o hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes. Também foram levados feridos para os hospitais Alberto Schweitzer, em Realengo, e Getúlio Vargas, na Penha.
Alguns moradores contaram que um pequeno avião da FAB teria passado muito perto do sobrado, que é antigo e, além de passar por obras, estava em más condições de conservação. Eles diziam acreditar que o deslocamento de ar pode ter ajudado a provocar o acidente. A rua, residencial e com algum comércio, fica próxima à cabeceira da pista da base aérea militar de Campo dos Afonsos.
A Aeronáutica, no entanto, afirmou desconhecer qualquer situação de vôo fora da normalidade de seus aviões na região.
Um morador da vizinhança, o motorista Roberto Luiz Moreira Gomes, 48, falou sobre as condições da obra, que julgava irregular. "Já estava para acontecer. Todo mundo na rua avisou, mas ninguém tomou providência. Eles usaram material de péssima qualidade e pessoal desqualificado na obra."
Bombeiros de Realengo, Guadalupe, Campinho, Méier e do quartel central foram para o local, assim como várias ambulâncias. Aproximadamente 30 militares da base aérea vizinha ajudaram nos trabalhos de resgate. A área foi isolada, mas segundo a Defesa Civil, não havia risco de desabamento dos imóveis vizinhos. As buscas no local continuavam até o fechamento desta edição.


Colaboraram JANAINA LAGE , MALU TOLEDO e PEDROA SOARES


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