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ANÁLISE
O importante é a taxa dos jovens
HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
O Brasil dificilmente vai conseguir produzir quedas dramáticas na proporção de analfabetos, que hoje corresponde a
10% da população com mais de
15 anos. E as razões que determinam tal "fracasso" não são
todas necessariamente más.
É preciso antes de mais nada
distinguir entre os analfabetos
jovens e velhos. Enquanto a taxa de iletrados é de 12,4% entre
as pessoas com mais de 25 anos,
ela fica em apenas 2,2% para a
população entre 15 e 24 anos.
Isso significa que índices da
ordem de 10% são basicamente
um problema do passado. Se o
Brasil não fizer nada em favor
dessa população e apenas deixar o tempo passar, o analfabetismo já cairá. Vai levar ainda
algumas décadas, porque a expectativa de vida (inclusive a
dos mais pobres) tem aumentado ao longo dos últimos anos,
mas essas taxas relativamente
altas de iletrados têm prazo de
validade para acabar.
Poderíamos, é claro, catalisar
esse processo investindo em
programas de alfabetização do
adulto. O problema aqui é principalmente a falta de interesse
dos supostos interessados. Segundo a última Pnad, apenas
3% dos analfabetos fora da idade escolar frequentaram uma
sala de aula em 2008. As matrículas nessa modalidade de ensino têm caído ao longo dos últimos anos, principalmente no
nível fundamental.
De algum modo, eles parecem estar sobrevivendo relativamente bem mesmo sem saber ler e escrever. Seria interessante investigar quais as
causas da baixa procura pelos
cursos, além, é claro, de sua
ineficácia e das velhas e conhecidas dificuldades de acesso.
Para o futuro, entretanto, o
que importa é olhar para as taxas de analfabetismo entre os
mais jovens. E a situação neste
caso não enseja comemorações. Os 2,2% registrados na
faixa entre 15 e 24 preocupam.
Pior ainda quando se considera
que, entre os 10 e 14 anos, o índice sobe para 3,1%. Isso significa que a escola está ensinando a ler tarde e mal. Não haveria, em princípio, nenhum motivo para não conseguirmos
proporções inferiores a 1% nessas faixas, como ocorre em países do Primeiro Mundo.
Não estamos aqui falando de
vencer o analfabetismo funcional, que implica atingir um nível de leitura e escrita adequado às necessidades do indivíduo, mas de derrotar o analfabetismo absoluto, para o que
basta ser capaz de decodificar
um bilhete com meia dúzia de
palavras simples.
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