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Nível de poluição por chumbo despenca na Grande SP em 20 anos
Estudo recém-divulgado pela Cetesb revela que concentração de poluente no ar caiu até 74% entre os anos de 1983 e 2003
Proibição do chumbo na gasolina, em 1989, explica melhora; resultado reforça pressão por adoção de novo padrão do diesel no Brasil
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um novo estudo da Cetesb,
com dados de duas décadas,
confirmou que a retirada do
chumbo da gasolina distribuída
no país, na década de 1980, provocou uma queda drástica na
concentração do poluente no ar
da Grande São Paulo.
Ao menos em relação ao
chumbo, o ar metropolitano
passaria com folga pelos rígidos
padrões europeus, dos EUA e
da OMS (Organização Mundial
de Saúde), resultado que legitima as pressões de ambientalistas pela melhora no padrão do
combustível usado no Brasil.
A preocupação com o chumbo, que vai se acumulando no
organismo humano com o tempo, decorre dos graves efeitos
que a contaminação com o metal provoca na saúde. Afeta o
sistema nervoso, rins, ossos,
sangue e tecidos.
O risco de manipulação do
chumbo é tamanho até mesmo
para quem manuseia aqueles
chumbinhos usados em varas
de pesca e projéteis para armas
de clubes de tiro ao alvo.
Para verificar o comportamento do poluente, a Cetesb
(Companhia Ambiental de São
Paulo) fez medições em quatro
estações -Parque D. Pedro,
Ibirapuera, São Caetano e
Osasco-, entre 1983 e 2003, e
comparou os resultados. No
trabalho, os técnicos avaliaram
quantidade de chumbo na poeira. O relatório foi publicado em
junho deste ano.
No Parque D. Pedro, área de
tráfego intenso de ônibus no
centro de São Paulo, a queda
atingiu 74%, pouco maior do
que no Ibirapuera (70%) e bem
acima de Osasco (50%).
Após a tabulação dos dados, a
Cetesb comparou o resultado
com os valores usados tanto pela União Europeia (0,5 micrograma/m3) quanto pela EPA
(agência ambiental dos EUA).
Álcool
A relatora do trabalho, Cristiane Ferreira Fernandes Lopes, doutora em química analítica pela USP, atribui "grande
parte" da queda da presença do
chumbo no ar "à introdução do
álcool e da proibição do chumbo" nos combustíveis.
Isso porque o estudo apontou uma redução mais forte entre os anos 1980 e o final da década seguinte. O país começou
a banir o chumbo da gasolina
em 1989.
Três anos depois, a gasolina
brasileira estava "limpa" do
metal, substituído pelo álcool
-ambos têm o efeito de melhorar a combustão da gasolina.
O químico Claudio Alonso,
também da Cetesb, diz que as
conclusões do novo estudo
apontam para o acerto em políticas públicas adotadas nas décadas anteriores para melhorar
a matriz energética.
Além disso, é um reforço na
necessidade de apressar a adoção dos novos padrões do diesel
brasileiro, altamente poluente.
No Brasil, o diesel tem até 1.800
ppm (partes por milhão) de enxofre, contra 10 ppm do combustível distribuído na Europa.
"Na década de 1970, o dióxido de enxofre era um poluente
muito grave em São Paulo. O
chumbo também já foi. Mas isso foi mudando, houve uma
queda muito grande dos teores,
é possível melhorar", diz.
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