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Protesto fecha vias e causa tumulto na marginal Pinheiros
Moradores de favela incendiada entram em confronto com a PM após fracasso de negociação com a prefeitura
Grupo depreda ônibus com paus, pedras e botijões e PMs revidam com bombas; não houve presos nem feridos
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
O impasse sobre a distribuição de auxílio-aluguel a
moradores da favela Real
Parque (zona sul de São Paulo) terminou ontem em confronto com a PM, bloqueio de
vias e assaltos a motoristas
na marginal Pinheiros.
Na sexta-feira, um incêndio na favela destruiu 340 casas. A confusão de ontem teve início após a prefeitura informar, durante reunião, que
apenas famílias cadastradas
em programas habitacionais
-1.131- teriam direito a receber o auxílio, que seria distribuído a partir de amanhã.
Por volta das 18h10, segundo a PM, moradores invadiram a pista local da marginal e bloquearam um ônibus
que ia no sentido Interlagos.
Segundo o motorista do
ônibus -que se identificou
como Marcos, 42-, o grupo
jogou botijões de gás contra o
parabrisas, que foi estilhaçado. De acordo com ele, o grupo de cerca de 50 pessoas
-para a PM, eram cem- ainda lançou pedaços de pau e
pedras contra o veículo.
A Folha entrou no ônibus,
que tinha vários vidros quebrados e pedaços de pau, pedras e tijolos no seu interior.
O motorista conta que foi
obrigado a posicionar o veículo de forma a bloquear a
via local. Enquanto isso, o
grupo, aos gritos de "Queremos nossas casas", obrigou
os passageiros a descerem.
Houve pânico. "Uns passavam por cima dos outros."
Uma fogueira foi acesa na
via. Motoristas voltaram, na
contramão. Segundo a PM,
há relatos de roubos aos ocupantes dos carros, mas nenhuma ocorrência foi registrada. "Vários carros foram
chutados", afirmou Marcos,
que relatou à Folha ter visto
motoristas sendo assaltados.
A via ficou bloqueada até
as 19h53. Os manifestantes
também pararam um ônibus
de turismo, que foi usado para fechar o acesso à ponte Octavio Frias de Oliveira.
A desobstrução começou
com a chegada da PM, que
diz ter sido recebida com pedras e paus. A favela foi cercada por mais de 50 veículos
policiais. Da marginal, era
possível ouvir barulho de
bombas que, de acordo com
o capitão Luís Dias, foram
lançadas para dispersar grupos que atacavam os PMs.
Ninguém foi preso e não
houve feridos. A Folha não
teve acesso à favela. Até a
conclusão desta edição, a PM
mantinha o cerco.
"RADICAIS"
Em nota, a prefeitura classificou os manifestantes de
"um pequeno grupo de radicais". Segundo ela, o auxílio-aluguel de R$ 400 mensais
por quatro meses seria distribuído aos cadastrados, que
receberiam um compromisso
de que teriam direito a um
dos 1.200 apartamentos que
serão construídos no bairro.
Disse, ainda, que se comprometeu a analisar "caso a
caso" as situações dos moradores sem cadastro, o que
não foi aceito pelo grupo.
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