São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2010

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Protesto fecha vias e causa tumulto na marginal Pinheiros

Moradores de favela incendiada entram em confronto com a PM após fracasso de negociação com a prefeitura

Grupo depreda ônibus com paus, pedras e botijões e PMs revidam com bombas; não houve presos nem feridos

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
ROGÉRIO PAGNAN

DE SÃO PAULO

O impasse sobre a distribuição de auxílio-aluguel a moradores da favela Real Parque (zona sul de São Paulo) terminou ontem em confronto com a PM, bloqueio de vias e assaltos a motoristas na marginal Pinheiros.
Na sexta-feira, um incêndio na favela destruiu 340 casas. A confusão de ontem teve início após a prefeitura informar, durante reunião, que apenas famílias cadastradas em programas habitacionais -1.131- teriam direito a receber o auxílio, que seria distribuído a partir de amanhã.
Por volta das 18h10, segundo a PM, moradores invadiram a pista local da marginal e bloquearam um ônibus que ia no sentido Interlagos.
Segundo o motorista do ônibus -que se identificou como Marcos, 42-, o grupo jogou botijões de gás contra o parabrisas, que foi estilhaçado. De acordo com ele, o grupo de cerca de 50 pessoas -para a PM, eram cem- ainda lançou pedaços de pau e pedras contra o veículo.
A Folha entrou no ônibus, que tinha vários vidros quebrados e pedaços de pau, pedras e tijolos no seu interior.
O motorista conta que foi obrigado a posicionar o veículo de forma a bloquear a via local. Enquanto isso, o grupo, aos gritos de "Queremos nossas casas", obrigou os passageiros a descerem. Houve pânico. "Uns passavam por cima dos outros."
Uma fogueira foi acesa na via. Motoristas voltaram, na contramão. Segundo a PM, há relatos de roubos aos ocupantes dos carros, mas nenhuma ocorrência foi registrada. "Vários carros foram chutados", afirmou Marcos, que relatou à Folha ter visto motoristas sendo assaltados.
A via ficou bloqueada até as 19h53. Os manifestantes também pararam um ônibus de turismo, que foi usado para fechar o acesso à ponte Octavio Frias de Oliveira.
A desobstrução começou com a chegada da PM, que diz ter sido recebida com pedras e paus. A favela foi cercada por mais de 50 veículos policiais. Da marginal, era possível ouvir barulho de bombas que, de acordo com o capitão Luís Dias, foram lançadas para dispersar grupos que atacavam os PMs.
Ninguém foi preso e não houve feridos. A Folha não teve acesso à favela. Até a conclusão desta edição, a PM mantinha o cerco.

"RADICAIS"
Em nota, a prefeitura classificou os manifestantes de "um pequeno grupo de radicais". Segundo ela, o auxílio-aluguel de R$ 400 mensais por quatro meses seria distribuído aos cadastrados, que receberiam um compromisso de que teriam direito a um dos 1.200 apartamentos que serão construídos no bairro.
Disse, ainda, que se comprometeu a analisar "caso a caso" as situações dos moradores sem cadastro, o que não foi aceito pelo grupo.


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