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EDUCAÇÃO
Estudo da universidade mostra que 818 dos 2.450 matriculados saíram de escolas públicas
Unicamp recebe mais alunos da rede pública
RICARDO BRANDT
EDITOR DA FOLHA CAMPINAS
O número de alunos vindos de
escolas públicas que ingressaram
na Unicamp desde 99 cresceu
12%, apesar de eles ainda serem
minoria, 33,4%. Dos 2.450 matriculados neste ano, 818 cursaram o
ensino médio na rede pública. Em
99, eram 730 de um total de 2.285.
Os dados são da Convest (Comissão Permanente para o Vestibular), que fez o levantamento socioeconômico dos alunos matriculados na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) entre
os anos de 99 e 2002.
"O importante é que o percentual de matriculados vindos de escolas públicas, que está na faixa
dos 30%, é praticamente o mesmo registrado nas inscrições dos
vestibulares. Isso mostra que o
processo seletivo não prejudica
mais o aluno que não passou por
uma escola particular", afirmou o
coordenador do vestibular da
Unicamp, Leandro Tessler.
Outro dado curioso, que pode
ser um indicativo de mudança do
perfil predominante do aluno da
Unicamp, é que o número de estudantes vindos de escolas particulares permanece praticamente
inalterado no período, apresentando uma pequena queda no
percentual de representatividade.
Segundo a Convest, os alunos
matriculados na universidade que
cursaram o ensino médio em escolas particulares correspondiam
a 66,9%, em 99, e, neste ano, são
65,8%. Como o número de vagas
oferecidas pela universidade cresceu 5,3% no período, passando de
2.285, em 99, para 2.450, neste
ano, em números absolutos, a
quantidade de alunos vindos de
escolas particulares teve um pequeno crescimento.
Esse aumento, considerando os
número absolutos, foi de 3,6%,
entre 99 e 2002, menos de oito
pontos percentuais em relação ao
crescimento dos alunos que vieram de escolas públicas.
Para a secretária da Educação
de Campinas, Corinta Maria Grisolia Geraldi, esse indicativo de
mudança não pode ser diretamente ligado a uma melhora do
ensino público.
"Estamos longe de ter uma escola pública que prepare como
deveria um estudante para que ele
ingresse em uma universidade
pública", disse a secretária.
Segundo ela, o fato se deve ao
trabalho que a universidade tem
desenvolvido em parceria com as
escolas para buscar um direcionamento maior de questões específicas que fazem parte dos vestibulares com os alunos.
Para a estudante da Unicamp
Juliana Bueno Colpas, 25, que
cursou os ensinos médio e fundamental em escolas públicas, mais
do que no vestibular, a diferença
de preparo é sentida nas aulas.
"Principalmente na área de exatas, há uma defasagem entre o
material aprendido nas escolas
públicas e o que a universidade
espera que ele já tenha aprendido", afirmou.
Outro indicador verificado na
pesquisa foi o crescimento da participação de alunos com renda familiar de um a cinco salários mínimos: entre 99 e 2002, saltou de
7,3% para 12,5%.
Entre as famílias com renda de
cinco a dez salários mínimos, a
participação saltou de 15%, em
99, para 22%, neste ano.
Enquanto isso o número de alunos com renda familiar entre 30 e
40 salários mínimos caiu de 14,1%
para 9%.
"Isso pode indicar uma desmitificação de que o aluno da Unicamp é aquele altamente privilegiado socioeconomicamente",
disse Tessler.
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