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SP 450
Na 1ª viagem, trem teria sido acionado remotamente pelo presidente, mas foi operador que pôs a composição em movimento
Sinal de Médici inaugurou o Metrô
KIYOMORI MORI
DA REPORTAGEM LOCAL
Se depender da cena que foi presenciada à época, até hoje
muitas pessoas podem imaginar que a
inauguração oficial
do metrô da cidade
de São Paulo, ocorrida em 6 de setembro
de 1972, significou
um marco tecnológico revolucionário.
Ocorrida em pleno
regime militar, a solenidade foi protagonizada pelo então presidente da República,
general Emílio Médici (1969-1974). De um
palanque montado
junto à linha, no terminal Jabaquara,
Médici acionou um
botão, que teria feito
o trem se mover remotamente. Mas não
foi isso o que aconteceu. O botão fez apenas disparar uma
campainha, o sinal
para que o operador
Antônio Lazarini,
que conta essa história, movesse a alavanca que, esta
sim, faria o veículo andar diante
de uma platéia pela primeira vez.
Depois daquela solenidade, a
operação da linha Santana-Jabaquara para os passageiros só iria
acontecer dois anos depois, em 14
de setembro de 1974.
Tanto Lazarini quanto o trem
que esteve na festa continuam em
atividade. O trem é o de número
33 e pode ser visto diariamente na
linha norte-sul. Já percorreu mais
de 2,9 milhões de quilômetros, o
que equivale a cerca de quatro
viagens de ida e volta à Lua.
Ocupando atualmente o cargo
de assistente da gerência de operações, Antônio Lazarini, 52, também não pensa em se aposentar.
"Fiz minha vida profissional e conheci muito dos meus melhores
amigos aqui", afirma ele. "Até
mesmo minha mulher foi funcionária do Metrô", afirma.
Para Lazarini, a inauguração do
metrô significou não apenas mais
uma opção de transporte para a
cidade, mas também um novo
conceito de eficiência em matéria
de transporte público, diferente
do que até então era oferecido por
ônibus e trens metropolitanos. "O Metrô evitou utilizar os
termos "vagão" e "maquinista" para afastar
qualquer vínculo
com os trens metropolitanos, que funcionavam mal. Queríamos criar um novo conceito na cabeça do paulistano."
Lazarini entrou na
história do Metrô
por acaso. Nascido
em Tabatinga (330
km a noroeste de São
Paulo), ele veio para
a capital com o objetivo de realizar teste
para a Polícia Militar. Não foi aprovado, mas, depois, arrumou emprego na
Varig, como mecânico de aviões.
Nesse emprego,
surgiu a proposta
para trabalhar no futuro metrô.
A presença do presidente Médici na
inauguração oficial
fez com que todos os
funcionários que
atuariam na operação passassem por investigação
policial para verificar a presença
de eventuais "subversivos".
"Era para o presidente viajar
dentro do trem, mas por motivo
de segurança ele ficou em um palanque, de onde acionou o botão",
conta.
Segundo Lazarini, as pessoas
acreditaram que o mecanismo
acionou automaticamente o trem,
o que seria um grande avanço tecnológico para a época. Mas, na
verdade, apenas fez soar uma
campainha dentro do vagão, o sinal para ele entrar em ação.
Nas semanas que antecederam
a viagem inaugural, Lazarini e
mais três operadores realizaram
dezenas de testes para que nada
desse errado no dia. "A primeira
vez que entramos no túnel no Jabaquara foi emocionante. A gente
ia passando devagar, com cuidado para ver se o trem não raspava
nas paredes, com medo de que ele
ficasse entalado."
Visite o site dos 450 anos de São Paulo na
www.folha.com.br/especial/2003/saopaulo450
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