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REBELDIA JUVENIL
Conflito entre estudantes de dois colégios tradicionais da capital paulista envolveu até a Polícia Militar
Briga de alunos deixa escolas em alerta
MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL
Jovens de dois colégios tradicionais de São Paulo estão levando
ao pé da letra a expressão "rebeldes sem causa". Formaram "gangues" e se enfrentaram em briga
que envolveu até diretores das escolas e a Polícia Militar. O motivo?
Nenhum. O resultado? Mobilização das equipes de segurança dos
colégios, que seguem em alerta.
Os protagonistas do incidente,
que se estendeu por três dias,
eram alunos dos colégios Sion
(onde estudou a prefeita Marta
Suplicy) e Mackenzie. As escolas
ficam bem próximas -em Higienópolis, centro de São Paulo-, e
os jovens envolvidos cursam o ensino médio. Apesar de rivais, eles
pertencem à mesma classe social e
freqüentam os mesmos lugares,
como shoppings e danceterias.
O que esfriou a confusão, dizem
os jovens e os colégios, foi o feriado prolongado de 12 de outubro.
Nem isso deixou as instituições
tranqüilas: as diretorias mantêm a
segurança atenta para evitar novos confrontos e mais feridos.
Olhar furioso
Tudo começou, segundo aluna
do Sion, com um olhar enfezado
entre um garoto do colégio e outro do Mackenzie em um shopping. Depois, teria havido farpas
pelo ICQ (programa de internet
de mensagem instantânea).
O primeiro enfrentamento foi
para tirar satisfações, na quarta
anterior ao feriado. Nove jovens
do Sion foram ao encontro de alunos do Mackenzie na rua. O acerto acabou em pedradas -um garoto do Mackenzie teria sido ferido no nariz. No dia seguinte, cerca
de cem pessoas, entre alunos do
Mackenzie e jovens da Bela Vista
(bairro da região), estavam em
frente ao Sion para a revanche.
A diretora do colégio fechou os
portões e chamou a Polícia Militar. Em nenhum dos casos, foi registrado boletim de ocorrência.
Nesta semana, questionados sobre o fato, a maioria dos alunos
não sabia dizer o que motivou a
briga. Uma estudante do Sion relembrou que houve conflitos menores há alguns meses por ciúme,
quando surgiram pichações.
Mas a briga que mobilizou a PM
e diretores já é passado para os
alunos. Em geral, dão risada ao
ouvir a palavra rixa. Preferem dizer que "era para pôr uns folgados
em seus lugares". Nenhum dos
entrevistados quis dizer se conhecia ou não os pivôs do episódio.
A direção do Sion considera o
conflito encerrado, mas admite
que foi grave. "Desavenças desse
tamanho nunca tinham ocorrido", disse Luiza Maria Lisbôa
Spessoto, coordenadora de comunicação. A direção acredita
que a participação de pessoas de
fora das escolas tenha ajudado a
briga a tomar essa proporção. A
unidade diz que já identificou e
conversou com os envolvidos,
mas não chamou os pais.
A assessoria do Mackenzie disse
que a escola também acredita na
influência de terceiros. Segundo o
colégio, os alunos já foram orientados sobre o comportamento e a
aceitação de provocações.
Para Cintia Freller, do Instituto
de Psicologia da USP, especialista
em adolescentes, brigas são normais entre jovens de 15 a 18 anos,
um momento de desafios e dúvidas, com a agressividade mais latente. Mas ressalva: "Não se pode
dizer apenas que é da idade. É claro que eles não precisam de motivos sérios para se rebelar, mas
vêem a violência o tempo todo e
acabam sendo influenciados".
Briga histórica
A mesma região já foi palco de
uma briga histórica entre alunos,
mas de ensino superior. Em 1968,
confronto entre universitários da
USP e do Mackenzie, na rua Maria Antônia, deixou um morto.
No dia 2 de outubro, alunos da
USP pediam dinheiro para um
congresso da UNE. Houve boatos
de que queriam invadir o Mackenzie, que ofereceria resistência.
Gás lacrimogêneo, paus e pedras foram atirados. O aluno secundarista José Guimarães, 20,
que ajudava a turma da USP,
morreu com um tiro na cabeça.
Colaborou a Redação
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